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Entrevista: Mark Stanley e as “barreiras” do PlayStation no Brasil



Mark Stanley é o maior responsável por cuidar dos interesses da recém-expandida família PlayStation no Brasil e em toda a América Latina. Foi com o gerente da Sony que sentamos para conversar em Nova York na manhã seguinte ao anúncio do novo videogame.

A Sony ainda não tem respostas para muitas perguntas, incluindo a data de lançamento e o preço do console – apesar dos rumores recorrentes de que ele vá ser vendido por algo em torno de US$ 400, o que soa um pouco improvável, dada a tendência de preços crescentes nas últimas gerações. Stanley não deu respostas às dúvidas mais inquietantes dos jogadores, mas reafirmou o compromisso da empresa com o mercado brasileiro. Esse compromisso, segundo ele, está sendo feito em vários níveis.



Primeiro, ele disse que o sucessor do PlayStation 3 vai estar disponível para o público tocar e jogar na próxima edição da Brasil Game Show, que deve acontecer em outubro deste ano. Depois da ação da Nintendo com o Wii U na BGS de 2012 (apesar de o console ainda não estar oficialmente presente no país), é bom ver o nível de importância que o evento conquistou junto às empresas. O próprio Mark disse que, devido aos bons resultados nos anos anteriores, hoje a América Latina tem muito mais voz ativa no que diz respeito às ações globais da empresa.

Seguindo o que já virou tradição, o PlayStation 4 já vai vir com os menus todos traduzidos em português brasileiro, assim como os maiores games que forem lançados para o console. Isso quer dizer que, provavelmente, Killzone: Shadow Fall e InFamous: Second Son falarão a nossa língua, apesar de jogos específicos não terem sido mencionados.

Outra boa notícia para quem já tem uma reputação conquistada a duras penas no PlayStation 3 é que a sua ID da PlayStation Network e os troféus conquistados serão transferidos para a nova versão atualizada do sistema.

Um país do futuro

Mas o lançamento do PlayStation 4 no Brasil é só uma nova ponta levemente problemática do iceberg. Nós vimos que o novo console é ultra-social e ultra-conectado, com funcionalidades de transmissão de jogos ao vivo e possibilidade de jogar um game por download mesmo que a transferência ainda não tenha terminado. Em um país como o Brasil, em que as conexões de banda larga ainda não têm a mesma qualidade de lugares como os EUA ou o Japão, isso vai funcionar?

Isso é um desafio, diz o executivo da Sony. Mas a empresa espera bons investimentos do governo brasileiro nesse setor pelos próximos 2 anos, o que deve amenizar a situação no médio prazo, segundo ele. A empresa também ainda está enfrentando as velhas questões dos impostos de importação, e nada de concreto se diz sobre a possibilidade de fabricar o PS4 por aqui, apesar de ela existir. "A nossa missão não muda: queremos abaixar a barreira de entrada de todos os produtos PlayStation, incluindo consoles e jogos no Brasil", diz Mark.

O executivo, porém, diz que não é possível garantir que todos os serviços online do novo PS4 estejam disponíveis em todos os terrítórios – inclusive na América Latina – simultaneamente.


ImagemO costa-riquenho Mark, que já passou pela Sega, entrou para a Sony em 2008

Ainda na questão da produção nacional, Stanley coloca nas publishers a responsabilidade por prensar jogos no Brasil – muitos jogos ainda são importados, o que resulta em preços mais salgados para o consumidor. Enquanto algumas delas dizem que a Sony DADC, a fábrica que contém as prensas de Blu-ray em Manaus, não têm capacidade o suficiente para atender à demanda das distribuidoras, ele diz que esse espaço existe (ainda que haja períodos de pico, como próximo ao lançamento de um God of War, por exemplo), mas que muitas dessas empresas não entendem completamente como esse processo funciona e preferem simplesmente importar os produtos. O trabalho principal da Sony nesse sentido, portanto, tem sido o de "educar" as publishers.

Mas, até que o próximo console chegue, o "core" do mercado nacional para a empresa continua sendo o PlayStation 3. E o corte de preço de Vita, anunciado recentemente no Japão, continua só por lá.

Uma novidade inesperada revelada por Mark é que a Sony está tentando se envolver mais de perto com a comunidade de desenvolvedores independentes – pelo menos Jonathan Blow, de Braid e agora de The Witness, já parece ter mordido a isca. Um passo nesse sentido foi a troca do processador principal do novo console: sai o Cell, que tinha uma arquitetura própria bastante complicada, e entra o x86, que é a que foi usada nos PCs por muitos anos e com a qual todos já estão familiarizados.

Mais curioso, porém, é que a empresa tomou a decisão de apostar nos talentos locais da América Latina e começou um processo de incubação de pequenos estúdios, que estão sendo "treinados" para poder, no futuro, se transformar em empresas que desenvolvam games para PlayStation. Mark disse que não poderia revelar detalhes específicos sobre a empreitada agora, mas que esperava poder fazer anúncios oficiais sobre o programa a partir do ano que vem.

"A estratégia é trabalhar com essa comunidade de desenvolvedores, alguns deles em estágios bem avançados de trabalho e outros nas fases preliminares, pegá-los um a um e fazê-los evoluir ao ponto em que eles possam lançar seus próprios jogos de Vita, PSN, PS3 e PS4, e também trabalhar com eles em modelos de distribuição para ajudar a divulgar e vender os games".

Um dos grandes mistérios da apresentação do PlayStation 4 foi que a Sony decidiu não mostrar o console em si. Para isso, o executivo de América Latina tem uma explicação (diferente das outras, dadas por outros executivos da Sony): se mostrassem, todos ficariam comentando só o design e não dariam tanta importância para as novas funcionalidades. "Eu sei que teríamos muito mais cobertura e artigos se tivéssemos mostrado algo bonito, mas sabíamos que era mais importante falar sobre a filosofia por trás do PlayStation 4″.


Fonte: Kotaku

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23 Fev, 2013 - 14:52

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