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Superman vs Homem-Aranha: Como Marvel e DC se uniram para o maior crossover na história das HQs

Em 1970, um fã de quadrinhos levantou-se durante debate entre editores da DC e da Marvel na reunião anual da Comic Art Convention, em Manhattan, e deliberadamente perguntou: "Ei, por que vocês não fazem uma HQ com Superman se encontrando com o Homem-Aranha?".

Apesar de ser uma questão constante na cabeça dos leitores, o esperançoso rapaz foi feito de bobo pelos que estavam ali presentes. Afinal, aquilo era um absurdo, e nunca aconteceria por motivos de direitos autorais, burocracia e mais um mar de razões.

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"Superman e Homem-Aranha juntos? Pff, vai sonhando, guri."

Seis anos depois, a exata história que o rapaz havia pedido tomaria as bancas, e o mundo poderia folhear o tão aguardado encontro entre os super-heróis de editoras rivais. Essa história e tantas outras curiosidades são contadas no livro Pancadaria: Por Dentro do Épico Conflito Marvel vs. DC, do autor Reed Tucker, publicado no Brasil pela editora Fábrica 231.

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Mas antes que Clark Kent e Peter Parker se conhecessem formalmente, uma série de testes foram realizados, a começar pelos roteiristas de ambos os lados, empolgados com a ideia. Na edição #69 de Vingadores (outubro de 1969), um grupo de vilões chamado Esquadrão Sinistro foi introduzido, cujos integrantes eram todos inspirados na Liga da Justiça da América: Hyperion representava Superman, Falcão Noturno era um espelho para o Batman, Relâmpago era um velocista como Flash e Dr. Espectro era o equivalente ao Lanterna Verde.

Na DC, Liga da Justiça da América #75 (novembro de 1969) trouxe versões malignas do supergrupo. "Referências aos Vingadores foram salpicadas por toda a edição, mas você precisaria estar a par da piada na época para encontrá-las", relembra Tucker, em Pancadaria. "Em um quadrinho, Batman lança uma tampa de uma lixeira no estilo do arremesso do capitão América. Em outro, o irmão gêmeo maligno do Superman proclama que ele não seria derrotado porque era 'tão poderoso quanto Thor'".

Esse "crossover não-autorizado" passou despercebido pelos editores das duas empresas, que jamais tolerariam uma audácia daquelas. Em 1975, veio o primeiro encontro oficial. A Marvel planejava uma adaptação de O Mágico de Oz, na mesma época que a DC também produzia sua própria versão do clássico infantil. Foi aí que Stan Lee e Carmine Infantino, amigos e então publishers da Marvel e DC, respectivamente, optaram por coproduzir o quadrinho MGM's Marvelous Wizard of Oz, publicado no verão daquele ano. Ainda que histórico, não foi o suficiente para saciar os fãs, que queriam ver os personagens das editoras concorrentes trocando socos em meio a apostas sobre quem sairia vitorioso.

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Marvel e DC apresentam... o primeiro crossover entre as duas editoras!

Não muito tempo depois, o agente literário David Obst começou a plantar a sementinha nos dois lados. A DC se mostrou mais interessada em colocar Superman e Homem-Aranha juntos nas páginas, mas Lee teve um pé atrás no começo. Na sua visão, não havia motivo para "ajudar" a concorrência, uma vez que eles haviam assumido como número 1 nas vendas. Roy Thomas, ex-editor-chefe da Marvel que continuou como consultor de Lee, colocou juízo na cabeça do quadrinista, fazendo-o perceber que aquilo seria, sim, um bom negócio para a Casa das Ideias.

"Você tem Superman, que sozinho era um dos três personagens fictícios mais conhecidos do mundo ao lado de Sherlock Holmes e Tarzan, então só colocá-los juntos já era sugerir que Superman e Homem-Aranha eram iguais", pensou Thomas. "Você estaria elevando o Homem-Aranha. Era uma situação que só traria benefícios".

Começaram as reuniões, e cada empresa queria levar vantagem sob a outra. A DC exigiu mais dinheiro alegando que o Homem de Aço tinha uma distribuição maior. Além disso, queriam que o nome "Superman" viesse primeiro no título da HQ. Conforme determinado pelo contrato, a divisão do trabalho ficou assim: o desenhista e colorista seriam da Marvel, enquanto do lado da DC viriam o roteirista, arte-finalista e letrista.

Gerry Conway, ex-Marvel, foi escolhido para escrever o roteiro. Após certa relutância, Ross Andru, então encarregado por desenhar a mensal de O Espetacular Homem-Aranha, entrou para a equipe, e Dick Giordano foi eleito para a arte-final. Na história, Superman e Homem-Aranha enfrentam Lex Luthor e Doutor Octopus, mas não sem antes se estranharem. O recurso que hoje é muito utilizado (inclusive no Universo Cinematográfico da Marvel, como em Vingadores), apresentou um desentendimento entre os dois super-heróis, que acarreta em uma rápida (e aguardada por todos) troca de socos, antes da luta terminar empatada -- é claro.

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A batalha do século! Superman vs. Homem-Aranha: quem leva a melhor?

Demorou sete meses para ser finalizada, mas Superman vs. O Espetacular Homem-Aranha chegou às bancas na primeira semana de 1976, custando US$ 2 dólares, um valor alto para o período. A HQ vendeu meio milhão de exemplares, e trouxe um retorno abaixo do esperado, mas tornou-se um marco histórico para a indústria dos quadrinhos. As duas principais concorrentes do mercado finalmente cruzavam-se nas páginas, dando uma apaziguada na eterna disputa Marvel vs. DC, que sempre rendeu e continuará rendendo calorosas discussões entre os leitores. As duas chegaram a publicar outros crossovers nos quadrinhos, mas isso é papo para outro dia.

Agora, resta saber (e sonhar) com o dia em que Marvel e DC vão se juntar no cinema. Hoje, soberana com seu universo expandido estabelecido e prestes a entrar na Fase 4 do MCU, parece improvável que isso aconteça. Mas, se lembrarmos bem, Stan Lee relutou no começo -- até que alguém o convenceu do contrário.

Fonte: Br/Ign

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29 Jul, 2019 - 14:04

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