Desenvolvedores da Google questionam relações da empresa com o governo dos EUA
Segundo uma reportagem do The New York Times, funcionários de gigantes da tecnologia como a Google, Amazon e Microsoft estão questionando a ética dos produtos oferecidos pelas empresas.A reportagem conta que nos últimos meses, um grupo de desenvolvedores e engenheiros dessas empresas assinaram uma petição para que seus superiores dessem mais informações acerca de como as ferramentas que eles desenvolvem são utilizados. As suspeitas são de que esses produtos acabam contribuindo para a vigilância de civis e a invasão de privacidade, assunto que tomou grande notoriedade nos últimos anos. "Você acha que está desenvolvendo uma tecnologia para um fim, mas depois descobre que o uso dela é bem perturbador", disse Laura Nolan, uma ex-funcionária do Google que decidiu sair da empresa no último mês de junho após a empresa se envolver com uma iniciativa do governo que desenvolveria uma inteligência artificial usada pelo Departamento de Defesa dos EUA.
A iniciativa em questão é conhecida como Project Maven, e envolveu também a Clarifai, uma start-up de Nova York focada no desenvolvimento de inteligências artificiais e redes neurais. Funcionários da empresa relataram que um pequeno time de desenvolvedores se reunia em uma sala particular no centro da cidade, e que passaram a desenvolver uma tecnologia para o Departamento de Defesa. Matt Zeiler, CEO da Clarifai, dizia que o trabalho do time envolvia vigilância, análise de dados e era algo que "salvaria vidas". Dois funcionários desistiram do projeto.
"A maioria das pessoas não tem uma visão holística do trabalho que realizam", disse um ex-funcionário da Google que conversou com a reportagem, "você não tem noção dos usos do que faz a menos que esteja numa posição de poder", concluiu.
O artigo do NYT também contou que um grupo de estudantes do MIT assinaram um manifesto que se opõe à "militarização da tecnologia". "Nós não temos aula de ética, nós não temos aula de política", disse um aluno que é porta-voz do movimento, "sonhamos em ser uma força positiva no mundo. Nos recusamos a participar desse abuso de poder", concluiu. Os estudantes do MIT, uma das mais respeitadas instituições de tecnologia dos EUA, estão recusando ofertas de emprego na Google até que a empresa corte as relações com o Departamento de Defesa.
A Google e as outras empresas citadas não se manifestaram sobre o assunto.