Associação quer aproximar desenvolvedores e movimentar cenário de criação de jogos no Brasil
A IGDA, sigla para International Game Developers Association, é uma organização que existe há 20 anos e que possui filiais (chamadas de "Chapters") em diversos países, incluindo o Brasil. Por aqui ela está presente em Curitiba, Recife, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sorocaba e Campinas.
Como o nome já diz, a IGDA é uma associação que representa desenvolvedores de jogos, mas, além disso, tenta aproximar programadores e pessoas envolvidas na produção de um game, principalmente aqui no Brasil. "A IGDA atua com a parte humana da indústria em todos os níveis, promovendo a interação entre veteranos da indústria, entusiastas, amadores, novatos e acadêmicos". A declaração é de Marcelo Rigon, que está a frente da IGDA em Campinas, uma das mais recentes filiais a serem instaladas no país, no começo do ano.
Rigon diz que essa aproximação é feita por meio de encontros que são realizados em cada uma das chapters. "Nestes encontros temos palestras com casos de outras empresas da região e workshops variados de business, game design, programação e arte", explica. Ao final desses eventos, os participantes também podem mostrar ou experimentar jogos que estão sendo desenvolvidos, para dar ou receber feedbacks de outros desenvolvedores.
Um exemplo de jogo que surgiu por lá é o Phoenix Force
Já a filial da IGDA do Rio Grande do Sul (uma das mais antigas no Brasil, criada em 2008), mostra o outro aspecto da associação, que é promover eventos de desenvolvimento de jogos. "Sediamos anualmente a Global Game Jam aqui e esse ano tivemos mais de 130 inscritos, houve um crescimento muito alto", fala João Bittencourt, um dos responsáveis pela IGDA RS.
Como uma das regiões do Brasil com cenário de desenvolvimento de games bem forte, Bittencourt diz que o IGDA RS procura apoiar os eventos que acontecem por lá e ter um diálogo com universidade que possuem cursos de graduação e pós-graduação em desenvolvimento de games.
Na teoria, a ideia da IGDA no Brasil é ótima. Movimentar o cenário de desenvolvimento de jogos com pequenos eventos e troca de experiência entre os associados e entusiastas. Na prática, as filiais no Brasil encontram dificuldades, o que pode ser visto pelo pouca interação entre elas.
Rigon explica que cada "chapter" atua de forma independente. "Eles partem do princípio de que cada região tem as suas necessidades e peculiaridades", fala. Porém, isso é algo que ele pretende mudar em breve. "Eu encabecei uma iniciativa de criar uma rede entre os líderes de chapters no país para trocarmos experiências, criarmos parcerias e realizarmos ações conjuntas", fala.
O primeiro resultado dessa união aconteceu ainda esse mês de setembro, no Convenção Epic Play (CEP) 2014, em Sorocaba, quando o IGDA de Campinas, Sorocaba e São Paulo participaram conjuntamente em um único estande.
Poucos Associados
Mesmo com a IGDA presente em sete cidades do país, Marcelo Rigon diz que o número de desenvolvedores realmente associados por aqui fica em torno de 50, o que pode ser considerado pouco com o número crescente de pessoas criando jogos no país.
Esse é mais um problema que a IGDA no Brasil enfrenta. "Quase todas as atividades da IGDA são abertas ao público em geral, sem restrição de afiliação", fala Rigon ao justificar o pouco número de pessoas associadas. Ele também argumenta que muitas pessoas não tem conhecimento da existência de uma associação como a IGDA e os benefícios que isso pode trazer para o desenvolvedor.
E o que seria esses benefícios? Rigon explica: "Entre os benefícios diretos, nós temos 10 a 25% de desconto em eventos importantes pra indústria como GDC, D.I.C.E e estudos na Universidade DeVry e na Escola Brasileira de Games. No Kickstarter, IndieGoGo e Amazon eles possuem uma área onde dão destaque para os projetos de jogos que são associados à IGDA e quando isso ocorre também vai um selo na sua campanha dizendo que aquele jogo é de alguém ligado à IGDA aumentando a confiabilidade do mesmo", explica Rigon. No entanto, Marcelo diz não conhecer nenhum jogo ou estúdio que já tenha usufruído do benefício no Brasil.
Já Bittencourt, da IGDA RS, fala que as vantagens de se associar, para o desenvolvedor brasileiro, não parecem assim tão viáveis. "Nos EUA têm uma série de benefícios, até desconto em plano de saúde. Aqui no Brasil não temos vantagens tangíveis", diz. "Pertencer à IGDA trás um benefício de pertencer ao grupo local de desenvolvedores e ao mesmo tempo estar associado em um grupo internacional. É muito intangível", conclui.
Mesmo assim, estúdios já com renome, mesmo que não associadas, mantem relação próxima com a filial do sul, como é o caso do pessoal da Swordtales, criadora de Toren. "A Aquiris e a Swordtales são super próximas, sempre que precisamos de algo eles estão à disposição", fala Bittencourt. "Por exemplo, fazer um mini talk antes de começar a GGJ, ser avaliador de algum concurso, fazer uma palestra em um evento, comparecer nos eventos sociais", explica.
Já outros desenvolvedores afirmam que falta para a IGDA mais ação e menos conversa. É o pensa Amora Bettany, da MiniBoss. "Nas poucas vezes que conversamos com os organizadores sobre isso (ações), me pareceu que é mais sobre ficar falando sobre desenvolvimento de jogos do que realmente fazer alguma coisa relevante", fala ela ao Kotaku.
Por isso, Amora diz que, no momento, não pensa em se juntar ao grupo do IGDA. "Por enquanto temos a impressão de que nosso tempo é melhor empregado ficando em casa, produzindo jogos e levantando discussões online", completa a desenvolvedora.
Importância
A IGDA não é a única associação de desenvolvedores a existir por aqui – como a própria ADJogosRS, do sul, e que falamos brevemente por aqui, pode provar – mas a presença da IGDA no Brasil ainda pode ser importante para o desenvolvimento do cenário brasileiro, principalmente para quem está começando nessa vida de criar jogos. "A IGDA auxilia quem quer entrar na indústria a ganhar muito conhecimento em pouco tempo", fala Marcelo Rigon, da filial em Campinas.
Se é algo para pode beneficiar o mercado de jogos por aqui, é sempre algo bem vindo.
Henry Master 26 Set, 2014 21:42 1