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Gone Home e a dificuldade de falar de algo que some quando descrito

Gone Home é um jogo lindo e importante, porém é difícil de explicar por que ele é assim sem estragar a experiência daqueles que não o jogaram



Eu não quero falar de Gone Home .

Não, desculpe, isso não é verdade. Eu quero falar de Gone Home, porque se trata de um jogo que tem muito a ser discutido e pensado; um jogo que usaremos como referência, provavelmente ainda por muito tempo, nas várias discussões em que invariavelmente entraremos, seja para conversarmos sobre o papel dos videogames dentro da cultura, a forma única que eles têm de contar histórias ou a validade artística do meio.

Eu quero falar de Gone Home; eu só não tenho ideia de como fazer isso, pois grande parte do que o torna interessante está em como ele subverte constantemente expectativas e em como essas subversões devem ser sentidas em primeira mão. Explicar como esses desvios abruptos e inesperados ocorrem, e detalhar a forma de como se dão os caminhos seguidos pela narrativa e dos personagens presentes na trama, que de pouco em pouco amarramos, arrancaria a oportunidade daqueles que não jogaram de experienciar isso. Até mesmo explicar o gênero dentro do qual o jogo se encaixa - e como Gone Home brinca com a própria noção de delimitação de gêneros -, estragaria muita, muita coisa.




Algumas características mais superficiais, no entanto, podem ser ditas sem risco e, com alguma sorte, elas serão o suficiente para atiçar sua curiosidade e ver o resto por conta própria. Passado nos anos 1990, Gone Home pede que você, após voltar de uma longa viagem, explore a casa para a qual sua família se mudou há pouco tempo e que, por algum motivo, está vazia. Colado à porta está um bilhete da irmã da protagonista, avisando que seus pais saíram da cidade por alguns dias e que ela não está mais ali. Em seguida, um pedido "não vasculhe a casa e não tente descobrir o que aconteceu". Logicamente você entra e faz o exato oposto.

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Os objetos espalhados pela mansão possuem uma grande quantidade de detalhes que evidenciam diversas histórias que ocorreram naquele lugar, às vezes de maneira explícita, às vezes de modo mais sutil. Nem todas as narrativas contadas são referentes à trama principal, mas todas elas colorem o ambiente que nos cerca. Dependendo do quão atento você for, tudo se amarrará no final. Mas, mesmo com pontas soltas, os pequenos contos individuais são em si fascinantes, então você não precisa se preocupar em ir atrás de tudo que existe para ser encontrado. Ah, e acho importante também ressaltar que em nenhum momento você nunca pegará uma arma em sua mão, seja ela de fogo ou branca, e lutará contra algum inimigo.

Mas, por mais que tudo acima seja verdade, nenhum desses fatos é o suficiente para explicar por que a trilha que Gone Home te faz caminhar é tão emocionante.

Talvez ajude pensar da seguinte maneira: sabe como quando você está passando pela rua, e observa (principalmente à noite) casas e prédios com janelas iluminadas, e se indaga sobre como são as coisas lá dentro? Qual a configuração daquela família, quem mora ali, qual a cor dos quartos, que decoração há em cada cômodo, qual o gosto dos indivíduos que habitam aquele lugar? Gone Home sacia essa curiosidade sem que você sinta culpa - ou, pelo menos, não a sinta tão fortemente -, de entrar em um ambiente que não é seu e vasculhar os pertences de outros.


Fonte: Arena/Ig

Comentários

26 Ago, 2013 - 18:29

Comentários

Marlon018 26 Ago, 2013 18:38 1

O jogo parece interessante. Tem alguma versão DEMO pra baixar?

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