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Carta de amor aos monstrões japoneses, Círculo de Fogo é o filme que os gamers pediram



Hideo Kojima e Kanye West estavam certos. Como disse o criador de Metal Gear Solid, Pacific Rim (Círculo de Fogo no Brasil) é mesmo o filme que muitos otakus e amantes de games espalhados por aí estavam esperando há anos. Também está muito além de ser apenas mais outra história envolvendo "robôs" e "monstros", como compartilhou o rapper americano no Twitter. Mas você não precisa da opinião deles pra apreciar o longa. Você só precisa gostar de games e de um pedaço importante da cultura japonesa para deixar o cinema com um sorriso estampado no rosto.

Dirigido e coescrito por Guillermo Del Toro, de Hellboy e O Labirinto do Fauno, Círculo de Fogo é um longa de ficção científica e uma homenagem fiel e respeitosa às histórias nipônicas envolvendo robôs gigantes que lutam contra monstros ainda mais grandiosos. Nesse sentido, o nome mais óbvio que vem à mente é Godzilla, mas a lista de referências é vasta e passa por muitas outras coisas, obscuras ou não. De Ultramen a Gamera. De Evangelion a Shadow of the Colossus.

Na superfície, a história de Círculo de Fogo é básica e simples: as criaturas grotescas e aterrorizantes, chamadas Kaijus, ameaçam a vida na Terra. A solução encontrada para combatê-las é a criação de robôs poderosos controlados por humanos, conhecidos como Jaegers. Mas, acredite, o roteiro tem profundidade suficiente para prender nossa atenção até o final e está um degrau acima da maioria daqueles encontrados nos filmes recentes de ação. Sem contar que ele jamais subestima a inteligência do telespectador, mesmo que o sujeito não seja conhecedor do assunto.


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O lance dos Jaegers serem controlados por dois "pilotos" que têm suas mentes e lembranças conectadas nos remete imediatamente a Evangelion, e mesmo o desenho de alguns dos robozões são parecidos com aqueles do anime. Por sua vez, os Kaijus me trouxeram doces recordações de Shadow of the Colossus, especialmente os pequenos olhos brilhantes e as variações em seus formatos: às vezes quadrúpedes, às vezes bípedes, de vez em quando com asas e outras vezes mais arredondados e baixos. Outra coisa muito legal é a voz do computador dos Jaegers, feita pela Ellen McLain (a GLaDOS de Portal). Independente do que citei, não tenho dúvidas de que cada um vai conseguir pensar em algumas várias referências enquanto assiste ao longa.

A ausência de grandes nomes do cinema no elenco não é um problema. Pelo contrário: talvez seja a solução ideal para que nosso foco se mantenha grudado na história central e nas batalhas entre os Kaijus e os Jaegers. O que não quer dizer que os atores não sejam bons. Especialmente Rinko Kikuchi, a japonesa conhecida por eu trabalho em Babel, que dá um toque especial ao longa e enche a telona com todo o seu charme, principalmente quando solta frases em seu idioma.

Idris Elba, Charlie Day e Charlie Hunnam também entregam boas atuações. Ainda que nem todos os diálogos sejam sempre decentes, a ausência de discussões chatas e demasiadamente longas sobre o tema principal e o humor em doses pequenas são merecedores de aplausos. Nem mesmo situações, conversas, personagens e piadas caricatos chegam a atrapalhar porque, novamente, o roteiro é muito econômico e enxuto nesse sentido.




Ainda bem que as batalhas passam bem longe da timidez. Elas são grandiosas, magníficas e até um pouco assustadoras. Ainda que aconteçam entre dois seres enormes, há muitos detalhes a serem observados, com pequenos elementos que fazem todo sentido dentro de cada encontro brutal. Esteticamente, o filme é uma pequena maravilha. Toda a parte de pós-produção é louvável e escancara o bom gosto de Del Toro e da equipe responsável. São coisas como essas que certamente fazem a experiência diante de uma tela grande valer a pena.

Por mais de duas horas, Círculo de Fogo dá várias demonstrações de respeito à cultura japonesa e aos Kaijus. Mas ele também é um trabalho que olha pra frente. Não estamos falando apenas de uma homenagem retrô ao gênero, mas de uma interpretação de Del Toro que o moderniza e o apresenta para uma geração que o desconhece. O longa não se escora simplesmente em efeitos 3D ou em belas imagens computadorizadas, mas principalmente em uma história cativante, convincente e, na medida do possível, inteligente.

O filme é um prato cheio pra quem gosta de videogame. As cenas de ação são realmente fantásticas e poderiam fazer parte de um jogo AAA dos tempos modernos. Mais do que isso, elas parecem muitas vezes terem sido influenciadas pela própria linguagem dos jogos. Mas eu diria que essa coisa toda é ainda mais abrangente. Quando Círculo de Fogo acerta, ele abraça a cultura que está ligada ao dia-a-dia de quem gosta não só de games, mas de animes, brinquedos, cosplays, mangás e todas as ramificações desse vasto universo. Uma pena que, por outro lado, o jogo sobre o longa pareça ser bem tosco.

Círculo de Fogo não demonstra ter a intenção, em momento algum, de fazer com que a gente se esqueça que estamos vendo um verdadeiro blockbuster. Mas, de certa forma, ele também acaba sendo um filho meio torto de Hollywood, porque, apesar de ter um forte apelo para as massas, nunca se esquece de dar a mão para os gamers e os fãs da cultura japonesa e dizer: "Ei, vem cá, rapazes. Esse filme é pra vocês". E isso é maravilhoso.


CÍRCULO DE FOGO

Original: Pacific Rim

Estreia: 9 de agosto

Direção: Guillermo Del Toro (Hellboy, O Labirinto do Fauno)

Mais infos: IMDb, site oficial

Fonte: Kotaku

Comentários

30 Jul, 2013 - 21:36

Comentários

_Steel_Fang_ 31 Jul, 2013 11:39 1

Filme bem maneiro, eu gostei!

jacaregames 31 Jul, 2013 02:00 3

Olha nessa magnitude mesmo só animes, pq não dá pra comparar com qualquer filme que já tenham feito.

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