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Raio-X do crime: as gangues e milícias de Max Payne 3

A Rockstar Games vem publicando alguns dossiês com detalhes crocantes sobre organizações criminosas do ainda inédito Max Payne 3. E, ao contrário dos clássicos dossiês políticos que estamos acostumados a ver durante qualquer ano de eleição, esses documentos virtuais são divertidos de ler. Principalmente quando você sabe que essas organizações do jogo são baseadas em criminosos da sua própria cidade.

As duas principais forças que agem contra o mago barbudo do bullet time na São Paulo virtual são a Crachá Preto e o Comando Sombra. São nomes que lembram mais as organizações terroristas de filmes do James Bond do que grupos criminosos no Brasil, mas o pessoal da Rockstar parece ter feito uma boa pesquisa de campo para rechear esses dossiês.



Crachá Preto

O Crachá Preto é a versão Rockstar das milícias que dominaram o tráfico do Rio de Janeiro nos últimos dez anos, e que você pode ver em ação no filme Tropa de Elite 2. OK, a milícia não é um grupo criminoso tipicamente paulista, mas não venha com aquele papo de que todo gringo pensa que São Paulo é igual ao Rio. Assim como os bailes funks – que já foram razões para protestos precoces contra o jogo – não é porque você não vê as milícias que elas não existem. Tiramos essa questão do caminho? Ótimo.

O nome, segundo o dossiê Rockstar, vem da prática dos policiais corruptos de cobrir nomes e insígnias durante operações ilegais. No jogo, o líder dos caras é Álvaro Neves, ex-capitão da polícia que teria desistido de tentar vencer a guerra contra o crime na cidade. Ele demonstra certa simpatia com políticas de extrema-direita, preferência expressa através de ataques a líderes comunitários e o assassinato de políticos de esquerda.

Apesar de o Crachá Preto ter muitas das características das milícias cariocas, que aterrorizam favelas e bairros pobres na zona norte e oeste do Rio, um fator que definitivamente mostra o lado paulistano desse grupo (e caso você seja carioca, quero deixar claro que isso não tem nada a ver com um chopps e dois pastel) é o paralelo entre o massacre de moradores de rua realizado pelo Crachá Preto e os atos de violência praticados contra os sem-teto pelos milicianos em São Paulo. Inclusive, as milícias da cidade nasceram da fusão de grupos de extermínio que aterrorizam desde os anos 80 moradores de rua e comunidades carentes.

O que significa que nosso querido Max irá enfrentar psicopatas com treinamento militar e armas idem. Ou seja, apenas mais um dia de trabalho na vida do barbudo.

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Comando Sombra

Já o outro lado do mundo criminoso da megalópolis é representado pelo Comando Sombra, que, segundo o histórico registrado pelo dossiê da Rockstar, foi inspirado no PCC, o Primeiro Comando da Capital, também conhecido como a maior facção criminosa de São Paulo.

A comparação é um pouco óbvia, mas cria uma antítese muito interessante se comparada com a gangue rival, Crachá Preto. Enquanto uma vem da polícia e das políticas de direita que deram errado, o Comando Sombra nasceu nos presídios da cidade, usando a retórica política como ferramenta para ganhar apoios e promover o sentimento contra o governo do Estado de São Paulo junto às comunidades pobres – uma estratégia focada no apoio popular.

Como já era de se esperar, o retrato do traficante das favelas brasileiras vem com o visual de camiseta amarrada na cabeça, AK-47s, camisas de time de futebol e drogas. Pelo menos a Rockstar respeitou a hierarquia dentro do PCC. Nomes como "Torre", para os donos de território (e que respondem apenas à grande chefia), "Piloto", para os líderes dentro do presídio, e "Sintonia", que denomina aqueles que controlam a comunicação dentro e fora da facção, entre seus membros encarcerados e livres também.

Assim como o Comando Sombra, a facção paulista foi fundada numa penitenciária – mais especificamente, a Casa de Detenção de Taubaté, no interior do estado. Desde 1993, ano da sua fundação, até os dias de hoje, o PCC conseguiu centralizar o comando do crime em São Paulo. O grupo se fortaleceu o bastante para orquestrar 87 rebeliões simultâneas em presídios em 2006, desencadeando uma semana de violência e medo. Quem morava na cidade na época vai se lembrar dos toques de recolher e dos muitos ônibus que a facção botou fogo no meio das ruas. Foi uma boa época para os piromaníacos.

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Se Max Payne 3 corresponder moral e esteticamente ao mesmo nível de detalhe desses dossiês, a equipe da Rockstar pode ir dormir tranquila. Ou pelo menos, dormir melhor que o próprio Max, já que esses dois grupos criminosos parecem estar historicamente prontos para acabar com o sono do gringo mais casca-grossa de São Paulo.

&rt;&rt; Dossiês de Max Payne 3 [Site oficial, em inglês]

Fonte: Kotaku

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28 Abr, 2012 - 16:24

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