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Por que o brasileiro gosta tanto de coisas piratas? [opinião]

Procuramos alguns argumentos para entender e justificar a escolha de muitos consumidores pela aquisição de cópias de produtos originais



Em 2012 surgiu o projeto do Sistema Integrado de Gestão de Aparelhos (Siga), uma ferramenta para que a Agência Nacional de Telecomunicações possa bloquear aparelhos eletrônicos piratas.

Os argumentos da Anatel para a criação desse mecanismo — custeado por um grupo de operadoras — se baseiam no cuidado com a saúde das pessoas (já que dispositivos não aferidos podem emitir radiações em níveis prejudiciais) e a exclusão de aparelhos que, devido ao uso de componentes desqualificados, acabam interferindo na qualidade das chamadas.

Desde que foi anunciada, a proposta tem gerado bastante polêmica. As discussões sobre o Siga se intensificaram nos últimos dias após ele ter entrado em vigor — embora, por enquanto, ele deva ser usado apenas para criar um banco de dados sobre os dispositivos em uso no país, somente após setembro deste ano novos gadgets ilegais que tentarem ser ativados serão desativados.

Com a grande quantidade e a forte intensidade das críticas sobre o sistema da Anatel, nos surgiu uma dúvida: por que nós, os brasileiros, gostamos tanto de produtos piratas? Neste artigo opinativo — ou seja, é a nossa opinião sobre o assunto — tentaremos responder a esse questionamento. Você pode concordar ou não.

Alta carga tributária

Embora seja um clichê colocá-los no meio desse tipo de discussão, é inegável que eles têm "culpa no cartório": os impostos. A alta carga tributária aplicada pelo governo do nosso país possui impacto direto no preço cobrado pelas empresas em seus produtos fabricados no exterior e até mesmo sobre aqueles produzidos em terras tupiniquins. Quer saber mais sobre o assunto? Então confira os artigos a seguir:


  1. Como funciona a tributação sobre os jogos eletrônicos?
  2. Saiba por que os impostos não são os únicos vilões em preços de eletrônicos


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Não vamos nos aprofundar muito nesse assunto aqui, pois isso já não é mais segredo para ninguém. Além disso, todos nós sabemos que, infelizmente, a situação financeira de grande parcela da população brasileira não permite a regalia de comprar um smartphone de R$ 2 mil, uma TV gigante com suporte para 3D por R$ 5 mil e mais um console de última geração que custa pelo menos R$ 2,5 mil, por exemplo.

Em outras palavras, muitas pessoas não querem e não podem comprometer sua renda com coisas tão caras, pois elas precisam suprir suas necessidades básicas, como moradia, alimentação, saúde e educação. Essa combinação de preços inflacionados e poder aquisitivo limitado "empurra" os consumidores para a pirataria.

O baixo custo e as configurações de hardware ou de funcionamento que muitas vezes se assemelham ao de produtos originais ressaltam aos olhos dos compradores um custo-benefício tentador. Para quem não pode pagar valores que giram em torno de R$ 2 mil por um smartphone da Samsung ou Apple, um gadget que custa R$ 400 ou R$ 500 (até menos do que isso) com visual bastante parecido com o dos famosos e que execute as funções básicas de um celular parece uma compra atraente. E isso se repete em vários outros segmentos do mercado.

Uma questão de escolha

Exposto isso, chegamos a um ponto delicado da discussão. Os altos preços praticados no Brasil colaboram com a pirataria, mas eles não podem ser considerados o fator determinante e nem o único motivo para a comercialização de produtos ilegais. Para exemplificar isso, podemos citar alguns serviços que nos últimos anos têm ganhado notoriedade fora e no nosso país por tentarem promover conteúdos de qualidade por preços acessíveis.


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Entre eles estão a plataforma de distribuição de jogos Steam (que traz promoções arrebatadoras para games de PC) e o serviço de streaming Netflix, o qual oferece milhares de conteúdos (entre filmes e episódios de seriados) que ficam disponíveis o mês inteiro por menos de R$ 17 — preço que seria facilmente gasto em uma locadora com três ou quatro locações e não mais do que cinco ou seis cópias piratas de longas-metragens.

Podemos adicionar a essa lista também os jogos desenvolvidos para equipamentos portáteis, em especial smartphones e tablets. Dificilmente o gamer gastará mais do que R$ 10 em um título, tendo uma grande variedade de bons jogos que ficam entre R$ 3 e R$ 5. Por sua vez, serviços como o Deezer permitem que você tenha acesso a um repositório enorme de músicas com alta qualidade sonora, podendo escutá-las no computador ou gadget, online ou offline por R$ 7,50 mensais em promoção e R$ 15 fora dela.

Há ainda uma infinidade de sites e páginas nas redes sociais destinadas para a troca e a venda de produtos originais usados. Mas, se existe conteúdo e meios "acessíveis" de adquirir algo legítimo, por que a pirataria ainda continua tão forte no Brasil? Entramos agora em uma perspectiva psicológica e cultural do assunto — o que torna tudo ainda mais complexo e polêmico.

Lá nos primórdios

Tem quem não ligue para isso, mas muitas pessoas querem um pouco mais de conforto, ter alternativas de entretenimento e, mesmo que inconscientemente, mostrar para os outros que estão antenados com as novidades e podem comprar coisas legais e da "moda". Esse comportamento é da natureza humana.

Esse tipo de comportamento se intensificou a partir da segunda metade de século XX e, sobretudo, no século XXI. "Historicamente, o consumo é um símbolo da distinção entre classes sociais", comenta Aline Michelin Bonafini, formada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e atual Coordenadora de Recursos Humanos do Grupo NZN.


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"Após a Revolução Industrial, que transformou o modo como os bens eram produzidos, deslocando o trabalho da força física e muscular para o universo da máquina, houve um aumento gigantesco do consumo. Deste modo percebe-se a tendência dos consumidores em apreciar mais do que a função utilitária dos produtos. O seu valor intangível e os símbolos de status, beleza, prazer e prestígio também passam a ser apreciados", complementou a entrevistada.

"As elites consomem produtos de luxo na intenção de manter e defender os seus gostos e distinção a partir do uso de itens caros e raros. Já as classes econômicas inferiores tentam imitar este estilo de consumo procurando produtos substitutos que se pareçam com os originais".

"Assim, a pirataria aparece não apenas como uma produção fora da lei, mas também o modo como o homem, um animal simbólico por excelência, se posiciona diante do consumo, se insere no universo do desejo, se realiza como participante de uma esfera que não deve ser apenas de alguns privilegiados, mas de todos, numa apropriação legítima", complementa Bonafini.

Quem não tem cão...

Se a atual situação financeira não permite a compra de um carro bacana, por exemplo, outra saída para demonstrar poder aquisitivo se reflete na compra de algo de "menor" valor, mas que agregue status — como um iPhone.


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Vale ressaltar que esse foi apenas um exemplo. Não estamos dizendo que quem adquire o smartphone da Maçã o faz apenas para mostrar que tem dinheiro para isso. O aparelho tem suas qualidades e elas satisfazem as necessidades de muitos usuários, os quais tendo condições financeiras simplesmente o escolhem como uma entre as várias opções no mercado.

"Como consumidor, ostentar um ‘símbolo’ de riqueza, luxo, poder e sucesso, ainda que pirateado, tem o efeito de sentir-se incluído, de demonstrar força e presença. A marca transcende, e muito, o aspecto utilitário do produto. Os produtos de marca não são apenas roupas, relógios, smartphones que têm função de vestir, facilitar a comunicação etc. Eles são símbolos de alguma coisa maior, mais profunda, que identifica seu proprietário, isto é, a marca, a grife", explicitou a psicóloga.

Jeitinho brasileiro

E quando nem essa faixa de gasto é possível, o que é a realidade de muitos brasileiros, o consumidor recorre à pirataria. Isso vale para muito além de eletrônicos e jogos, englobando roupas, acessórios, perfumaria, entre outros nichos da indústria. O problema aqui é que isso acaba se tornando uma espécie de ciclo vicioso, o qual está presente há muito tempo no meio de nós.

É uma questão cultural do brasileiro sempre que possível tirar vantagem dos outros ou adquirir algo pago de graça — mesmo que alguém tenha demandado tempo, esforço e dinheiro para que aquilo exista. Afinal, "enquanto eu estiver tendo proveito sem gastar nada, está tudo certo". O que algumas pessoas esquecem é que desenvolvedores e fabricantes (incluindo seus funcionários) também possuem contas para pagar no final do mês, e esses produtos comercializados são o seu ganha-pão.


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"Observa-se ainda que, no Brasil, a pirataria é aceita pelas pessoas, apesar de ser um crime. A venda de drogas, por exemplo, é denunciada à polícia, mas, se vemos alguém vendendo um CD pirata, achamos normal", explica Bonafini.

"A pirataria é crime, é violação de propriedade intelectual, mas no Brasil isso é aceito. É uma questão comportamental do brasileiro. Em geral, as pessoas se esquecem de ver o que há por trás do produto original. Elas acabam personificando a marca original e associando que essa já é rica o bastante e que, por isso, não precisam pagar tudo isso pelo produto original", finaliza a Coordenadora de RH.

Físico vs. digital

Existe ainda outro fator relevante para que alguns consumidores optem por produtos ilegais quando o assunto é conteúdo de entretenimento: a necessidade de receber algo físico em troca do dinheiro investido. Muitas pessoas têm medo de pagar por um filme, um álbum de músicas ou um jogo e não ter algo palpável nas mãos, pegar naquilo que acabaram de comprar.

Essa é uma das principais causas da resistência, ainda relativamente grande, com os conteúdos digitais. E, preferindo possuir algo que possa segurar, trocar, revender ou repassar, o comprador prefere adquirir um disco pirata, que algumas vezes tem um preço insignificantemente menor do que uma versão digital original.


Praticidade e versatilidade

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Além do baixo (ou nenhum) custo, os produtos ou conteúdos pirateados oferecem algumas vantagens — e isso nós não podemos negar. A primeira delas é a praticidade de você conseguir baixar o que deseja ouvir ou assistir da internet, reproduzi-lo e aproveitar, sem ter que criar contas ou ficar realizando logins. Além disso, basta um cabo USB para mandar esses conteúdos para os mais variados tipos de eletrônicos e conseguir usufrui-los quando e onde quiser.

Outro fato que pode influenciar na decisão de compra de um gadget ilegal é a versatilidade que alguns modelos possuem. Um exemplo disso são os celulares com suporte para múltiplos chips — um setor pouco explorado pelas fabricantes mais famosas, mas que no Brasil faz muito sucesso devido a uma boa parcela desse segmento da telefonia móvel optar por planos pré-pagos e assim conseguir aproveitar as promoções de várias operadoras ao mesmo tempo.

Efeitos colaterais

Como você deve imaginar, assim como toda prática ilícita, a pirataria traz uma série de consequências negativas para a economia local e até mundial em alguns segmentos. Conforme mencionamos anteriormente, os produtos piratas acabam desviando a verba que, em teoria, deveria ir para as empresas.


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E, se esse retorno ao investimento realizado por uma companhia não acontece, ela não têm muitas alternativas além de fechar as portas (encerrando também a possibilidade de inovação em novos equipamentos ou conteúdos) ou diminuir a qualidade de seus produtos originais para tentar competir com as cópias genéricas. Em ambos os casos, os consumidores de maneira geral saem perdendo.

Há ainda indícios de que a pirataria, como uma prática ilegal, esteja relacionada com crimes mais violentos, incluindo o tráfico de drogas e de armas — mas esse é um tema que sai do nosso escopo, que pode e deve ser abordado em outras oportunidades.


.....

Chegou a hora de você compartilhar a sua opinião. Nós queremos saber quais são as suas percepções sobre esse assunto tão polêmico e você pode fazer isso por meio da nossa seção de comentários. Apenas lembre-se: todos nós temos o direito de ter opiniões divergentes e elas devem ser respeitadas.

Fonte: Tecmundo

Comentários

12 Abr, 2014 - 12:59

Comentários

Herrison 14 Abr, 2014 11:36 2

Isso é por causa do governo que não quer saber de nada além de roubar.Tenho 16 anos e me interesso muito por política, pois sei que o único jeito de mudar o país em que vivemos e garantir o futuro da pátria é a partir do voto.Nós que jogamos video game e que não ficamos assistindo novelinhas e esquenta, provavelmente somos a salvação dessa geração.Não somos alienados facilmente e frequentamos a internet onde se tem liberdade de expressão.Pelo menos até agora, pois ja entrou em vigor o projeto de lei ´´marco civil da internet ´´.
Comecem a pensar em conjunto, uma mente mais social.Nos EUA as crianças ja aprendem a amar o país desde pequenos.Ficar ai pagando pau pra eles não resolve nada.Daqui alguns meses teremos votação vcs vão fazer o que? Tirar um titulo e exercer o direito ou ficar pensando como seria morar num EUA-BR?
Internet ta ai pesquisem e votem senão,anulem o voto,nunca votem em branco porque assim o voto vai pra quem está ganhando...Procurem um pouco sobre Joaquim Barbosa.

neotech 13 Abr, 2014 10:04 2

Pessoal de 4 em 4 anos nós votamos basta votar em alguém que você realmente conheci e sabe que fazer alguma coisa pois votar nos mesmos caras que sempre estão aí é **** e depois não adianta reclamar em juros altos temos que colocar no governo pessoas como a gente um visinho pobre de mais de caracter que vive trabalha a qualuqer custo pra sustentar a família e passa dificuldade mais mesmo assim nunca perde a descência e continua honesto é nessas pessoas que devemos insetiva-los a se candidatar a cargos políticos no país e saiba que não gostar de política é o que os políticos corruptos adoram ver a gente dizer que não gosta de política e eles sabem que nunca vamos querer nos candidatar, mas isso tem que mudar. Vamos dá chanse pra pessoas honestas eu sei que existe o único problema é que elas são pobres como a gente e todo mundo colocou na cabeça que pobre não pode ganhar eleição, mas não é bem assim não de dinheiro que ele precisa pra vencer e sim de votos.

TakeshiHD 13 Abr, 2014 07:20 1

O RLY? Depois de ler esses comentários da TG fico feliz de achar pessoas que PENSAM.

linvasco1 13 Abr, 2014 01:27 1

se nao tivesse tantas taxas e impostos nos produtos, compraria original com gosto, mais nao e assim, se fosse um preço justo , a pirataria iria diminuir muito!

claiton paim 13 Abr, 2014 00:13 3

lucashubner escreveu:simples porque moramos nesse LIXO, BOST# de Brasil e porque
nossos políticos "são honestos" com tantos impostos...
acho que nem precisa dessa matéria pra saber disso... Mesa Mesa Mesa Mesa Mesa Mesa Mesa

concordo! é tão fácil acabar com a pirataria, preço acessível para todos, mas o governo quer fazer isso? lá nos states a pirataria é praticamente zero,porque o governo deles mantem preço acessíveis a todas as classes sociais, sou contra a pirataria, mas aqui no brasil é justificável, nós somos estuprados todos os dias por esse governo corrupto, imunidade parlamentar é uma lei criada e aprovada pelos próprios políticos e por que aprovaram uma lei dessas? preços Absurdamente abusivos, impostos pra tudo que se compra e extremamente altos, mais de trilhões recadados por ano, e o povo não vê nenhum retorno, não vê melhoria em nada e agora eles governantes todos errados,vem nos dizer que pirataria é ilegal,é muito descaramento...

denominator 12 Abr, 2014 23:25 1

brasileiro não gosta de coisas piratas, o que realmente não gosta é de ser explorado e sempre que encontrar uma brecha para isso ele vai tirar vantagem. Todo mundo sabe dos efeitos danosos da pirataria, assim como sabe do custo que tem que pagar para usufruir de um produto legal pode ficar certo de uma coisa, em certas situações o consumidor vai se ver obrigado a colocar na balança.

peplegal 12 Abr, 2014 20:48 7

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O texto "tentou" explicar...mas FALHOU miseravelmente a partir do momento que adotou uma postura MORALISTA sobre o assunto.

Já assumiu logo de cara que Pirataria é "Crime" (o mesmo que os religiosos fazemm quando falam de Pecado)....e nem se deu ao trabalho de analisar IMPARCIALMENTE...ou seja, sem uma postura moral já contaminada.

A Pirataria até tem uma "face" ilegal, mas não é seu lado mais importante. Ela deveria, primeiro, ser vista como um Processo Sócio-Econômico de re-equilíbrio contra as pressões Monopolistas e Segregadoras dentro do Capitalismo.

Ela é uma "contra-força", que ajuda a "redirecionar" tanto o Fluxo de Dinheiro quanto o Fluxo de Cultura dentro da Estrutura de Classes.

Ela é um força "natural" que surge dentro do próprio Capitalismo. Mas como ela tem um aspecoto "Socializante", ou seja, ela Minimiza as forças "Concentradoras" de poder e riqueza...os grupos de Poder trataram de torná-la ilegal...e agora fazem propaganda para programar o Povo.
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SillentDeath 12 Abr, 2014 19:53 1

eu tiro por uma coisa que eu procurei pra comprar na net. O Kit Development 2 do oculus rift ta 350 Obamas'. Fui da uma olhada no bom negocio, pra ver se ja tinha alguem vendendo... eu achei o kit 1 e o cara tava pedindo 3 mil dimas!!!! isso é um roubo kkkkkk esse povo ta ficando sem noção alguma de oq é dinheiro e o que é roubo aqui no Brasil...

MauroRV10 12 Abr, 2014 19:45 2

Realmente as coisas aqui são muito caras... Resumindo: IMPOSTOS

lucashubner 12 Abr, 2014 18:50 2

simples porque moramos nesse LIXO, BOST# de Brasil e porque
nossos políticos "são honestos" com tantos impostos...
acho que nem precisa dessa matéria pra saber disso... Mesa Mesa Mesa Mesa Mesa Mesa Mesa

Adriano Pongo 12 Abr, 2014 18:23 2

Vai comprar um jogo original e você ja vai descubrir a resposta.

yanandrade 12 Abr, 2014 18:14 6

pq é tudo CARO nessa ***** de país

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