Dungeonland Torna-se Free-to-Play: Por quê Agora?
Recentemente o estúdio de games brasileiro Critical Studio, anunciou o encerramento de suas atividades, deixando um ar de dúvida e preocupação entre os desenvolvedores de jogos brasileiros. Agora, a empresa lança o seu jogo mais conhecido, Dungeonland, no formato Free-To-Play (Gratuito), gerando a pergunta entre os jogadores e desenvolvedores: por que tornar o jogo gratuito agora? Neste texto, analisamos qual seria possível estratégia por trás dessa decisão.
Dungeonland ficou famoso no Brasil por ter sido o primeiro jogo de um estúdio 100% brasileiro a entrar na plataforma Steam (antes mesmo da criação do Greenlight) com grande destaque. O jogo se tornou um símbolo de orgulho entre os desenvolvedores brasileiros, por ter quebrado a barreira e conseguir entrar em uma grande plataforma de distribuição de conteúdo digital, logo depois, outros jogos brasileiros entraram Knights of Pen & Paper +1 da Behold Studios e Oniken da JoyMasher, são os exemplos mais recentes. Além do pioneirismo na Steam, o jogo apresentava qualidade acima da média, tanto em termos de jogabilidade quanto de arte, e isso o fez merecedor de inúmeros reviews e análises críticas salientando seus diferenciais e principalmente, sua inovadora jogabilidade multiplayer, mencionada por mais de um resenhista com a curiosa designação "muito viciante". Dungeonland chegou à Steam por meio da publisher nórdica Paradox Interactive, famosa por seus jogos de estratégia e RPG, como Crusaders Kings 2 e Magicka, ambos repletos de DLCs, personagens, módulos e editores.
Meses depois do lançamento do jogo, com sucesso de crítica e vendas, a Critical Studio informou, no dia 2 de Outubro, o fim de suas atividades, explicando que o cancelamento de projetos no início do ano e a incapacidade de manter uma equipe de desenvolvimento no Brasil, os levassem a fechar as portas. A Critical tinha uma pequena incubadora e foi de lá que surgiu a Bitcake Studio, atualmente trabalhando no Projeto Tilt.
Dungeonland está disponível no formato Free-to-Play (Gratuito) na Steam, incluindo os modos de jogo DM mode (PvP), DM Tower (PvE) e todas as skills, magias e itens básicos. Os jogadores ainda podem comprar o resto do jogo no formato padrão (PvE), assim como o modo especial Infinite Dungeon e todos os outros itens e magias.
Conversando com Marcos Venturelli, um dos sócios da Critical (hoje na Behold Studios), foi possível entender porque o jogo lançado inicialmente como pago se tornou gratuito. O jogo encontra-se, atualmente, nas mãos da publisher Paradox, já conhecida por sua estratégia de "DLCs infinitos", como fora apresentada durante a SBGames 2012 por Shams Jorjani, à época Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios da empresa. O conceito é simples – e eficiente: um jogo com inúmeros DLCs se mantém sempre em evidência e está sempre vendendo. Desta maneira, jogos cuja longevidade seria muito menor conseguem se manter atuais e interessantes. Crusaders Kings 2 e Magicka são dois excelentes exemplos dessa estratégia de merchandising, sendo o primeiro um jogo de estratégia complexo, com mais de 20 DLCs entre eles editores, rostos, unidades e facções. O segundo, é um jogo de ação com elemento de RPG, que conta com um inovador sistema de magias e muito humor, e também mais de 20 DLCs, com campanhas que vão das criaturas mitológicas de H.P. Lovecraft, como Cthulhu, até Jornada nas Estrelas.
Mesmo que nem todos os DLCs ofereçam mais jogabilidade ou novas características aos jogos, eles agregam um certo valor, fazendo o produto voltar à vitrine, receber novamente destaque, e aumentar as vendas.
Apresentado o conceito dos "DLCs infinitos" podemos analisar melhor a estratégia e a decisão empregada no caso de Dungeonland. Quem teve a oportunidade de jogar o excelente projeto da Critical percebeu que um dos seus maiores acertos é o modo multiplayer. A Paradox, valendo-se de sua estratégia de merchandising, optou pela gratuidade para maximizar o número de jogadores em seus servidores e tornar a experiência multiplayer ainda mais rica.
Poucas coisas afetam negativamente um jogo multiplayer como a ausência de jogadores nos lobbies, sessões e/ou salas. Uma vez que a quantidade de jogadores cresça o suficiente com uma comunidade de fãs mais ardorosos, os DLCs farão seu trabalho de dar destaque e continuidade ao jogo, aumentando de maneira considerável o tempo de vida do jogo, uma decisão de negócios que já se provou correta com outros títulos da empresa.
Com o encerramento das atividades do estúdio brasileiro, no entanto, fica a dúvida: a Paradox irá lançar mais DLCs para o Dungeonland ou a decisão de tornar o jogo free-to-play foi a última ação estratégica da publisher para fazer caixa até a morte derradeira do game? Não há respostas à vista.
Agradeço as colaborações de Marcos Venturelli e Caio José Ribeiro Chagas.
locoporweb 17 Nov, 2013 11:26 0
lcon91 16 Nov, 2013 01:53 0
Luchta 15 Nov, 2013 13:10 0
Essa noticia não aliviou nem um pouco a barra da Critical, pelo contrario mostrou que eles estão de acordo com a politica da Paradox de DLCs abusivas, então vou tomar muito cuidado caso outro projeto dos mesmos desenvolvedores saia em outro estúdio para não cometer o erro de comprar de cara. A matéria foi tendenciosa ao limite, mostrou só qualidades do jogo e que foi bem nas reviews e sabemos que não foi bem assim, o jogo foi cheio de problemas e reclamações.
MrDarkness 15 Nov, 2013 11:48 1
Que eu saiba os jogos grátis ñ dão cartas por serem jogados...
enquanto os pagos costumam dar metade de todas as cartas.
fahfts 15 Nov, 2013 05:48 -6
vou jogar só até ganhar as Cartas Colecionáveis pra upar meu perfil na Steam!