Estúdio carioca Critical, responsável por Dungeonland, fecha as portas
A carioca Critical Studio, responsável por Dungeonland, lançado pela Paradox no início de 2013 para PC, está se preparando para fechar as portas. Na época, classificamos o título como "o jogo brasileiro que evidencia o incrível potencial da indústria de games nacional."
A informação foi transmitida informalmente por Marcos Venturelli, game designer do game, na página do Facebook do evento Super BR Jam , organizado pelo estúdio, que estava previsto para acontecer no próximo final de semana, contando com a participação de alguns dos principais estúdios independentes do Brasil, como Behold Studios, Miniboss, JoyMasher, dentre outros. Além de anunciar o adiamento do evento, uma maratona de desenvolvimento de games de 48 horas de duração, Venturelli deixou escapar que o estúdio será fechado no dia 7 de outubro.
Entramos em contato com Venturelli, que explicou que a companhia está fechando o escritório localizado na capital do Rio de Janeiro e demitindo a equipe. O designer não detalhou os motivos do estúdio para o fechamento, que será esclarecido em sua página oficial no Facebook nesta quarta-feira (2).
Apesar das más notícias, o estúdio ainda manterá a realização da maratona Super BR Jam, como uma forma de terminar as atividades com um clima positivo. O evento acontecerá em novembro, em um local e data ainda não especificados. Os jogos produzidos na Jam farão parte de um pacote, a ser vendido posteriormente online, e todo o dinheiro arrecadado será revertido para o Solar Meninos de Luz , uma instituição educacional filantrópica do Rio de Janeiro.
Abaixo o comunicado oficial:
Oi pessoal,
Temos uma coisa complicada para explicar pra vocês, mas antes que fiquem tristes leiam com atenção. Neste final de semana estamos fechando o escritório da Critical e mandando toda a equipe embora. Isso não significa que a Critical tenha falido ou fechado para sempre, mas é verdade que não estaremos juntos no futuro próximo, nos vendo todos os dias e fazendo jogos juntos como tem sido nossa rotina há mais de três anos.
Muita gente está surpresa com esse acontecimento, mas se fazer jogos já é uma coisa muito complicada, fazer jogos e manter uma empresa com mais de 10 pessoas todos os dias – pessoas com famílias, filhos, contas pra pagar – é um desafio hercúleo. Encaramos esse desafio de frente e, em muitos aspectos, o superamos nos últimos anos, mas chegou a hora de encararmos os fatos e mudarmos de estratégia.
O que aconteceu?
Este foi um ano bem difícil pra gente. Colocar Dungeonland para fora da porta nos custou muito caro em suor, sangue e lágrimas. Foi difícil demais, mas também infinitamente gratificante. Ao invés de merecidas férias, tivemos dois projetos cancelados ao longo do ano, por motivos diversos. Encontramos energia ainda para começar um terceiro, e por mais empolgados que estivéssemos com ele, a realidade é que tínhamos um equipe muito cansada e que teria à sua frente mais um desafio tão grande quanto Dungeonland, senão maior. Nossa realidade financeira nos colocava obrigados a seguir adiante em um modelo de publicadora, nos mesmos moldes de Dungeonland, já que conseguir financiamento privado ou governamental no Brasil para projetos na escala da Critical parecia impossível.
Sentamos para conversar e chegamos juntos à conclusão de que está na hora de parar antes que o amor acabe. Nosso maior medo sempre foi de que a Critical virasse "trabalho", daqueles onde você bate ponto todos os dias e não ve a hora do sábado chegar. Havia um perigo muito grande de estarmos sacrificando todas as coisas que faziam da Critical o que ela é, apenas para continuar com o escritório aberto e uma fachada de estabilidade.
Em muitos aspectos a Critical foi uma bola de fogo, saímos queimando todas as etapas e fizemos o que muitos dos nossos colegas disseram que era impossível: juntamos um bando de malucos sem experiência prévia nenhuma na área (ou em qualquer outra, foi o primeiro emprego de muita gente) e lançamos um jogo grande na Steam, brigando de igual pra igual com os gringos. Mas nós não tínhamos idéia de todos os fatores envolvidos, e acabamos deixando um legado de nós complicados para desatar. Acreditamos que há um jeito mais saudável de fazer o que amamos, e é isso que estamos buscando.
Fazer jogos no Brasil está melhor do que nunca!
Todos nós, em grupo ou individualmente, vamos continuar criando, empreendendo e ousando. E a indústria brasileira só ganha com isso! Hoje não é um dia triste para os jogos no Brasil – muito pelo contrário! A cena está melhor do que nunca. Quando começamos não existia essa união que existe hoje, essa troca de informação, essa camaradagem entre os desenvolvedores. Toda a experiência e o talento criados na Critical não estão se perdendo – estão se espalhando, agregando valor a coisas novas, permitindo que novos sonhos pelo Brasil afora se tornem realidade!
BitCake Studio
Outro legado muito legal que a Critical deixa é a BitCake. Aturamos esses "aspiras" (como os chamamos carinhosamente) por aqui no último ano, e é incrível ver como essa galera agora está madura, correndo atrás, com um jogo muito legal e pronta para fazer a marca deles na indústria também. Aliás, vou aproveitar a sua atenção aqui e fazer uma propaganda sem-vergonha deles: http://www.facebook.com/pages/Project-Tilt/589316237774090?fref=ts
Super BR Jam
Ah, e lembra quando a gente falou que fazer jogos aqui nunca foi tão legal? Pra provar isso e para acabar a Critical de forma positiva, estamos organizando um evento de "despedida" chamado Super BR Jam, que vai rolar em Novembro deste ano (em um dia ainda a confirmar), em parceria com a Nuuvem, Unity e Paradox Interactive.
A idéia é juntar um MONTE dos nossos amigos (mais ou menos 30 estúdios, pra ser mais exato) para fazer jogos em 48h. Esses jogos serão vendidos em um pacotão, e vocês poderão pagar quanto quiserem por ele. E se pagaram mais que a média, ainda levam jogos comerciais completos feitos por alguns dos estúdios participantes!
O que acontece com essa grana toda? Todo o lucro que conseguirmos com o evento (isso mesmo, 100%) vai para o Solar Meninos de Luz, uma escola para crianças das comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, aqui no Rio de Janeiro.
A Super BR Jam vai celebrar a incrível cena independente brasileira, dar uma contrapartida positiva para a sociedade, e ser o "adeus" da Critical de uma forma mais bacana, começando com o pé direito a nossa promessa de que coisas muito legais ainda estão por vir no Brasil! : D
Foi divertido, mas agora precisamos de umas férias, ok?
Um abraço forte a todos vocês!
- Critical Studio
3via 08 Out, 2013 00:25 0
Poligno 02 Out, 2013 18:50 0
Marlon018 02 Out, 2013 18:10 1
Só não ficou claro se foi falta de dinheiro ou a equipe estava cansada. Talvez tenha sido pelos dois motivos...
Tyller 02 Out, 2013 18:02 1
ItalloIgor 02 Out, 2013 17:51 4
Luchta 02 Out, 2013 17:19 4
Espero que a equipe seja junto ou separados consigam continuar criando, e não desistam disso pois talento e força de vontade eles tem. Seria bom se eles tivessem tentado financiar o novo projeto pelo Kickstarter.