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Análise Arkade: Flashback (Xbox 360, PS3, PC) – Uma rápida lembrança

Recentemente lançado na Xbox Live, o remake de Flashbacktraz uma dose de nostalgia direto da década de 90, mas este sentimento acaba sendo menos intenso do que a gente esperava. Veja a seguir nossa análise e descubra por quê.

Nova versão do clássico sci-fi Flashback: A Quest for Identity, de 1992, lançado inicialmente para Amiga – e listado no Guinness World Records como o jogo francês mais vendido de todos os tempos – Flashback é um jogo de plataforma 2.5D desenvolvido pela VectorCell, empresa de Paul Cuisset, designer do game original e que tem ainda no currículo o sofrível jogo de terror Amy (leia nossa análise aqui).

O jogo se passa em um futuro não determinado e tem como protagonista Conrad B. Hart, um agente da G.B.I. – Galaxia Bureau of Investigation -, que perdeu sua memória após uma intensa perseguição já no início do game.

Felizmente, Conrad é um sujeito astuto, e deixou informações para ele mesmo dentro de holocubes – modernos dispositivos que guardam informações holográficas -, que revelam uma possível conspiração alienígena contra a sociedade humana.

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De posse de tal informação, nosso herói deve buscar mais fragmentos de suas memórias perdidas para salvar a humanidade dos aliens. Missão esta que, no jogo de 1992, tinha um clima bem soturno, até um pouco noir, mas que agora está bem menos séria.

Verdade seja dita, o clima do jogo não acompanha o do original. O novo Conrad é um sujeito muito mais "descolado" e canastrão – lembrando até nosso querido Nathan Drake, da série Uncharted (até o visual deles é parecido) – e esta sua nova personalidade afeta drasticamente o tom do jogo.

Neste remake, tudo parece uma grande piada, e a conspiração alienígena não é tratada com a mesma gravidade do jogo original. Fazendo um paralelo com o universo cinematográfico, o Flashback clássico se aproxima de Blade Runner, enquanto o remake está mais para um Marte Ataca! (não estamos falando de qualidade, mas da impressão passada pela história).

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Talvez esta mudança tenha sido feita para tornar Conrad um personagem mais carismático para o público atual – os diálogos dele com outros personagens estão cheios de ironias e piadinhas -, mas os fãs do game original podem estranhar essa impressão mais alegre do jogo.

Se a ideia era trazer mais carisma ao jogo, este foi um tiro pela culatra, visto que, além de não parecer muito preocupado com sua situação (um desmemoriado perseguido por etês!), Conrad não é um personagem cativante. Também não há muito envolvimento entre os personagens, apenas diálogos diretos, alguns dos quais fazem referência a uma história anterior cheia de lacunas e não muito interessante, visto que o background de Conrad é pobre e sem graça.

Isso também vale para a densidade da trama em si. Tudo aqui é muito superficial, e mesmo enquanto nos aprofundamos na conspiração, não há a dramaticidade esperada. Como o próprio tema "aliens hostis querendo dominar os humanos" já está batido, o game não se demora em detalhes, é tudo tipo "hey, conspiração alienígena, blá, blá, blá, você já sabe o que precisa fazer, buddy, então mande ver".

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Se a história perdeu pontos, os gráficos, por sua vez, estão muito bonitos. A tela inicial já impressiona, mas o capricho não para aí: todos os ambientes são muito bem modelados, e possuem uma boa profundidade 2.5D, com elementos espalhados em 3 níveis pelo cenário.

Para completar, os cenários são bem fiéis aos do game original, ou seja, têm aquela cara de ficção científica dos anos 80 e 90 (mais ou menos como o excelente Far Cry 3: Blood Dragon). Na icônica floresta onde o jogo começa, as plantas reagem ao movimento do personagem. O clarão dos lasers, o brilho das explosões e a transparência das superfícies vítreas, tudo isso é muito caprichado.

Confira abaixo algumas imagens que comparam o visual do jogo "de ontem" com o jogo "de hoje" (clique nas imagens para vê-las em tamanho maior):

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Quando chegamos na Terra, vemos a clássica chuva caindo, trazendo um pouco daquele ar meio noir – que gostaríamos de ver mais durante o jogo – ao ambiente, e deixando o visual ainda mais belo com letreiros de néon refletidos no piso molhado.

A trilha sonora, por sua vez, deixou a desejar. Não há nada memorável ou genuinamente criativo. As dublagens (praticamente inexistentes no game original) poderiam acrescentar uma boa dose de emoção ao jogo, mas isso não acontece. Tudo é artificial e carregado de um tom cômico que definitivamente não estava presente no jogo de 1993. A entonação das falas lembrou muito a dublagem em inglês de Catherine, porém, lá esse tom combina mais com a história e com o estilo do jogo.

A jogabilidade é muito eficiente e parece uma mistura entre estilos de jogo de ontem e de hoje. O jogo original utilizou a rotoscopia – tecnologia de ponta na época – para conceder naturalidade aos movimentos dos personagens. Vinte anos depois, a captura de movimentos faz um trabalho ainda melhor nesta área.

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A movimentação de Conrad é muito fluida e variada, embora alguns comandos simples – como o de agachar, por exemplo – sejam executados com uma lerdeza exagerada. Aquele clássico comando de se dependurar da beira de plataformas (você até pode atirar desta posição) para não cair direto e perder energia continua presente, bem como a famosa roladinha no chão para se esquivar de disparos inimigos.

Se a mobilidade do protagonista é bem "retrô" na exploração, na hora da ação o game traz uma pegada bem mais moderna. Como em diversos shooters 2D modernos, podemos mirar para qualquer direção com o analógico direito enquanto caminhamos com o esquerdo. O feixe de laser da arma principal facilita a mira, e na hora de jogar "granadas" – que na verdade são frutas explosivas (?!) da bizarra flora local – podemos ver o trajeto que a bomba traçará para evitar erros.

Além disso, Conrad ainda pode utilizar escudos protetores, atirar pedras, usar teleportes e utilizar seus emblemáticos molecular glasses (a boa e velha visão de raio X, prepare-se para usá-la inúmeras vezes) enquanto cumpre suas missões. Conrad até pode socar os inimigos e executá-los em stealth, mas na maioria das vezes o tiroteio direto é a melhor opção.

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Na prática, a jogabilidade parece uma mistura do que vimos no Prince of Persia original e no próprio Flashback (games com mecânicas e animações bem parecidas) com a pegada mais moderna e ágil de shooters 2D como o competente Shadow Complex. Embora sejam bem distintas, estas duas formas de jogo funcionam muito bem juntas.

O game possui um sistema de habilidades e upgrades para nosso agente desmemoriado, bem como um inventário. Para quem busca um desafio maior, vale ressaltar que podemos desligar todas as informações que facilitam o gameplay, como health bar, objetivos, mapa etc. (coisas que o jogo original nem tinha). Se morrer, você volta para o último checkpoint, que nunca fica muito longe graças à praticidade do save automático.

Ao derrotar os inimigos, eles randomicamente "dropam" esferas de energia que recuperam um pouco de vida, embora tenhamos também terminais de computador que desempenham esta mesma função. A inteligência artificial deixa a desejar em diversos momentos (os inimigos simplesmente "esquecem" que você está por perto), e encontramos alguns poucos bugs no jogo, como ficar preso num canto do cenário.

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Entre um alien e um dróide de defesa (que parece saído diretamente dos laboratórios da Aperture), você ainda poderá caçar os morph eyes, seres muitas vezes bem escondidos que podem ser destruídos a fim de acumular pontos. Vez ou outra também pinta um chefe, mas eles são poucos e não oferecem lá um grande desafio, demandando estratégias simples para serem derrotados. O chefe final, aliás, lembra muito a jogabilidade de Contra, o que é bem legal.

O replay só é uma possibilidade para os que colecionam conquistas e querem "platinar" o jogo, visto que não há finais alternativos nem nada do tipo. Se você não jogou o Flashback de 1993, pode curtir este clássico diretamente pela tela inicial (em uma máquina de arcade!) sem a necessidade de qualquer requisito para destravá-lo. Embora tenha uma jogabilidade bem mais lenta e pareça datado, é recomendável que você o jogue (ou o relembre) para perceber as grandes diferenças entre os dois jogos.

No geral, este remake de Flashback é um jogo que pode lhe render algumas horas de desafio. Porém, fique avisado de que o jogo é curto e tem uma pegada bem diferente do original. Com o perdão do trocadilho, este "Flashback" está mais para "fast forward": mais rápido, menos denso e bem menos marcante.



Flashback já pode ser adquirido na Xbox Live por U$ 10 (os MS Points foram abolidos recentemente). O game chegará à Playstation Network e aos PCs no outono, ainda sem data definida.

P.S. Já que traçamos alguns paralelos com o cinema, é interessante destacar algumas semelhanças entre o jogo e o filme They Live, clássico de 1988 dirigido por John Carpenter. No filme, o personagem principal descobre que o planeta está sob o domínio de uma raça extraterrestre, que habita a Terra sem ser notada. Coincidentemente, ele descobre isso através de óculos especiais (assim como os molecular glasses de Conrad).

Fonte: Arkade

Comentários

31 Ago, 2013 - 17:30

Comentários

needphael 31 Ago, 2013 19:01 2

Quando sairá para PC?

Eu tinha o *****back no meu computador, jogava de vez em quando mas como eu era moleque não entendia muito bem a história.