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Chorus | Review

Desenvolvido pelo estúdio Fishlabs, conhecido pela franquia Galaxy on Fire, Chorus é um jogo de combate espacial em mundo aberto — que entrega uma experiência contemplativa, sem perder o foco de oferecer boas doses de diversão e adrenalina.

O título se passa em um universo cada vez mais perigoso e decadente graças ao Círculo, um culto poderoso liderado pelo misterioso Profeta, que pretende controlar toda a galáxia.

A protagonista é Nara, uma piloto de caça que, após lutar sob comando do Profeta por anos por vê-lo como uma figura paterna, se vê confusa e dividida entre o que acredita e o que o Círculo coloca em prática. Ela, então, decide começar a ajudar as forças rebeldes em busca de respostas e redenção.

Para auxiliar na jornada, Nara pilota Forsaken, uma nave com inteligência artificial que é praticamente uma segunda protagonista. Ela tem mente e ideias próprias, conversa e oferece dicas, instruções e incentivos, além de ter seu próprio arco narrativo.

É com esse cenário que Chorus coloca o jogador para explorar vários planetas, mas não sem algumas pedras (ou asteroides) no caminho.



Uma odisseia no espaço

A princípio, Chorus parece ser uma história simples de redenção, mas que encontra espaço (trocadilho não intencional) para abordar muitos temas: dualidade entre bem e mal, o que nos torna humanos, avanço da tecnologia, sacrifício e aceitação.

O jogo inteiro se passa dentro da nave e, por isso, apoia-se muito em diálogos e exploração para aprofundar seu universo. No entanto, isso funciona apenas em missões de história, fazendo com que as atividades secundárias soltas pelo mapa se resumam a atividades genéricas, como investigar destroços, aniquilar grupos de inimigos e participar de corridas.

Os personagens secundários ainda são pouco explorados, contando com aparições momentâneas e rasas, que ficam limitadas ao canto da tela. Isso contribui para a sensação de falta de profundidade fora campanha da principal, que destaca apenas a aproximação de Nara e Forsaken.

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Apesar de pouca variedade de cor, a estética dos planetas é belíssima e molda uma atmosfera solitária, com pedaços quebrados de asteroides, estrelas por todo lado, estruturas tecnológicas e até buraco de minhoca. Há ainda partículas que vêm de encontro com a tela ao navegar, um pequeno detalhe visual que agrada os olhos.

A interface é minimalista e bem elaborada, sofrendo pequenas alterações dependendo do que está acontecendo na navegação para dar destaque às ambientações. Um exemplo é como a nave gradualmente se afasta da tela ao acelerar, para destacar os arredores — e como o contrário também acontece, com a nave se aproximando da tela ao desacelerar para focar no que está perto.

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Com intenção de ir além do bom e velho tiroteio no espaço, o combate de Chorus é baseado em dois tipos de mecânicas.

A primeira é o conjunto de comandos básicos da Forsaken, que incluem metralhadora, mísseis e lasers. A segunda já é o diferencial do jogo, por ter ligação com Nara: são os Ritos, habilidades especiais que vão de dash (um salto rápido) a teletransporte, dando uma boa mexida no gameplay.

A nave ainda conta com sistemas de movimentação para puzzles de ambiente, que normalmente acontecem dentro de estruturas, forçando o jogador a se virar para passar por caminhos estreitos e com obstáculos. Essas mecânicas ainda são bem úteis no meio dos tiroteios, para desviar de projéteis ou fazer curvas bruscas para pegar um inimigo de surpresa.

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Há uma boa variedade de inimigos, que podem ser pequenos ou grandes, sempre com diferentes padrões de ataque e defesa.

Os maiores normalmente contam com pontos fracos específicos, o que faz com que eles sejam os mais divertidos de derrotar. É muito satisfatório ter que passar por dentro de uma nave maior do que você para abatê-la, ao melhor estilo Star Wars.

Chorus também oferece lutas contra chefes, que são mais demoradas e desafiadoras, apesar de poucas. Seguindo a mesma lógica dos pontos fracos, é preciso pensar rapidamente em estratégias para sobreviver e atacar ao mesmo tempo, mas é uma combinação que sofre na prática: como há muita poluição visual, é fácil ficar perdido e sem saber o que fazer em seguida, gerando momentos confusos no meio do combate.

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No meio de tudo isso, os recursos do DualSense são poucos, mas constantes. O controle vibra ao acelerar a nave, algo que é divertido nos primeiros minutos, mas se torna um incômodo rapidamente. Isso porque é uma vibração única e contínua durante toda a navegação, sem nenhuma variação — nem mesmo ao disparar ou fazer curvas.

A localização em português brasileiro, que é apenas para o texto, está bem feita e acompanha o tom sério do game: com termos simples e diretos, sem trocadilhos ou humor.

Coro quase em harmonia

Chorus é um space shooter que consegue misturar uma narrativa profunda e uma jogabilidade divertida, que conversam entre si — oferecendo uma experiência que agrada tanto aquele jogador que quer uma boa história, quanto aquele que apenas quer mais "pew pew" com naves.

A jornada de autodescoberta de Nara é empolgante de acompanhar, mas o universo poderia ter mais profundidade fora das missões obrigatórias, oferecendo conteúdo mais variado para incentivar o jogador a explorar além da trama principal.

Há também o fato de que fico cada vez mais confusa quando penso na relação entre os tamanhos dos humanos, das naves e das estruturas — porque elas não fazem lá muito sentido. Não é nada que atrapalhe a jogatina, mas certamente me deixou tão pensativa quanto as reviravoltas da narrativa.

No fim, a sensação que fica é que os prós de Chorus cobrem os contras, oferecendo uma boa aventura (que dura cerca de nove horas) que consegue abordar mais do que apenas dar uns tiros no espaço. E é sempre bom lembrar algo que Forsaken — que é, de longe, a melhor personagem do game — frisa para a protagonista: para corrigir nossas falhas, é preciso entendê-las e aceitá-las antes de qualquer coisa. Só assim poderemos seguir em frente. Só assim teremos a mesma harmonia de um coro.

Fonte: Jovemnerd

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05 Dez, 2021 - 21:17

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