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Preço do Switch assusta? Com novos consoles, isso deve ser pior

Com o dólar aumentando a cada dia e o real virando pó, ter um Switch, Xbox Series X ou Playstation 5 fica cada vez mais utópico

Se você, assim como muita gente, decidiu comprar um Nintendo Switch para ter uma distração a mais em tempos de quarentena, provavelmente levou um susto: o preço do videogame mais do que dobrou nos últimos meses. Usando a ferramenta de histórico de preços do Shopping UOL, é possível ver a variação: no início de janeiro, para comprar a versão "normal" - que permite ligação com a TV - era preciso desembolsar pelo menos R$ 1.804,05. Hoje, você não vai encontrar ele mais barato do que R$ 3.939.

ImagemHistórico do Shopping UOL mostra a alta de preço do Nintendo Switch a partir de maio


Uma das principais razões, como não poderia deixar de ser, é a alta do dólar. A moeda norte-americana, cotada em R$ 4,13 no dia 14 de janeiro - mesma data aferida para o preço do Switch aqui acima - chegou ao pico de R$ 5,90 no dia 13 de maio. Só aqui temos uma alta de 42,8%.

"Mas se o dólar não dobrou, por que o preço do videogame foi às alturas?"


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A dúvida é justa e para respondê-la, START entrou em contato com lojistas independentes que aceitaram explicar, sob condição de anonimato, qual é a rota que o videogame percorre até chegar ao Brasil.

Mercado cinza

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O primeiro ponto a ser considerado é que, sem representação oficial da Nintendo no país, o videogame chega por aqui importado do Paraguai — e, claro, por um preço consideravelmente mais alto.

Uma breve pesquisa em ferramentas de busca de produtos em lojas do país vizinho mostra que o preço mínimo do console em lojas por lá foi de US$ 295 em setembro do ano passado (o que, com o dólar variando na casa de R$ 4,15 na época significava algo em torno de R$ 1.224) para US$ 333,50 no último mês de abril (quando o dólar chegou a bater R$ 5,66, o que "traduz" o preço mínimo do console para cerca de R$ 1.887).


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E não para por aí: para chegar até as lojas brasileiras, esses produtos ainda têm um acréscimo de algo em torno de 20% do seu preço - essa porcentagem de "frete" pode variar de acordo com fatores como tamanho dos pacotes, complexidade do transporte e situações adversas.

Pois bem, além desses 20% sobre os R$ 1.887 (o que daria R$ 2.265), temos o lucro do lojista e também a famosa lei da oferta e da procura.

Sobre esse último fator, vale dizer que a balança pendeu quase que totalmente para o lado da procura. Isso porque, enquanto o interesse em adquirir o console aumentava consideravelmente por conta da pandemia, no dia 20 de março tivemos a chegada de Animal Crossing: New Horizons, game que, além de ter um nome forte e potencial de ser um "vendedor de consoles", também se mostrava ideal para um período de quarentena.

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A oferta do produto no mercado, porém, não acompanhou: justamente nesse período o Paraguai fechou suas fronteiras para tentar conter a disseminação da Covid-19 no país. A partir daí, a rota de importação do Nintendo Switch - e de periféricos e jogos do console - foi interrompida. Com procura em alta e estoque de lojistas brasileiros bastante limitado, o preço do videogame acabou indo para as alturas.

E mesmo se o Paraguai mantivesse as fronteiras abertas, é bem provável que a oferta do console no Brasil sofreria um baque: o console estava em falta nos principais mercados do mundo. Uma das razões para isso é que nenhuma unidade do Nintendo Switch foi produzida em fevereiro, segundo informou o analista de mercado da Niko Partners, Daniel Ahmad, em entrevista ao Business Insider.


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Se a tendência é que o abastecimento do console seja normalizado em breve ao redor do mundo, no Brasil a situação é ainda mais incerta enquanto país mergulha cada vez mais na crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, as fronteiras com o Paraguai permanecem fechadas e o dólar segue com alta volatilidade.

Comprar um Switch não deverá ser uma tarefa das mais simples por um bom tempo.

PS4 e Xbox One: difíceis de achar

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A situação de quem está atrás de um PlayStation 4 ou de um Xbox One também não é das melhores. Uma busca no Shopping UOL indica que ambos os aparelhos, em suas versões mais potentes, PlayStation 4 Pro e Xbox One X, podem ser encontrados por preços próximos dos R$ 2.990. Por si só, essa já seria uma diferença considerável, cerca de 30% a mais do que se cobrava pelos aparelhos em dezembro do ano passado - em torno de R$ 2.300.

O problema maior é que encontrar unidades desses consoles à venda por esse preço é uma tarefa bem complicada - para não dizer impossível.


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Isso vale especialmente para os modelos de PlayStation. Na busca pelo site oficial, os links de compra do PlayStation 4 Pro direcionam para produtos cujos estoques estão esgotados. Aí, o que resta são unidades do aparelho sendo vendidas a mais de R$ 4 mil. O PS4 Slim ainda é mais fácil de ser encontrado, mas ainda assim o preço se encontra acima do que era visto há alguns meses - há poucos meses, era possível encontrar o videogame por pouco mais de R$ 1.600, diferença considerável em relação aos cerca de R$ 2.400 cobrados atualmente.

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O caso dos Xbox é um pouco melhor. Ainda é possível achar raras unidades do Xbox One X vendidas a menos de R$ 3 mil, mas na maioria dos casos as lojas já cobram algo em torno dos R$ 3.400 pelo videogame. Já o Xbox One S ainda pode ser encontrado por preços próximos dos R$ 2.000 - há pouco tempo, não era raro encontrar o aparelho sendo vendido por menos de R$ 1.500.

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Start tentou contato com as representações da PlayStation e do Xbox no Brasil. Na consulta, foi perguntado se os consoles já à venda no Brasil corriam risco de passar por novos aumentos em decorrência da variação cambial, se os consoles à venda no país eram montados por aqui, se as empresas trabalhavam com preços oficiais no país.

Para todas essas perguntas, tanto PlayStation quanto Xbox responderam, por meio de suas assessorias de imprensa, que não iriam se manifestar sobre esses assuntos. No caso da PlayStation, a resposta foi a de que "não há nenhuma novidade sobre o tema no momento". No caso do Xbox, o retorno dizia que a empresa agradecia o convite para se manifestar, mas que não iria "conseguir participar dessa vez".

Jogos "baratos"

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O preço cobrado pelos jogos foi outro tema sobre o qual as representações de PlayStation e Xbox se recusaram a responder.

A dúvida principal aqui é: será que essa alta do dólar vai se refletir no preço cobrado pelos games no Brasil?

O último grande aumento nesse sentido ocorreu em 2015, quando o dólar rompia de maneira consistente a barreira dos R$ 3. Na ocasião, era mais comum encontrarmos mídias físicas de jogos AAA com preço de lançamento de R$ 250. Considerando o maior valor da moeda norte-americana no primeiro trimestre daquele ano, que foi de R$ 3,31, esse preço significava que o brasileiro pagava o equivalente a US$ 75,52 por cada game em mídia física comprado.


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É importante salientar que isso significava pagar mais caro do que os habituais US$ 60 dólares cobrados por lançamentos no mercado norte-americano.

De lá para cá - salvo em situações específicas, como promoções para compra antecipada, R$ 250 acabou virando o preço padrão dos jogos no Brasil, tanto em mídia física quanto em versão digital. E, aqui, temos uma situação insólita: proporcionalmente, paga-se mais barato para comprar um game no Brasil do que nos Estados Unidos.

Não que desembolsar R$ 250 possa ser considerado algo trivial, mas o montante equivale a US$ 46,72 dólares (em conversão direta, considerando a cotação de R$ 5,35 aferida no fechamento dessa reportagem), valor muito abaixo dos US$ 60 cobrados por lançamentos nos EUA.

Caso haja alguma adequação nesse sentido, o bolso de quem curte games no Brasil deve doer: ainda seguindo a cotação do fechamento deste texto, o preço "justo" dos games por aqui seria de R$ 321.

Futuro sombrio

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Se o presente já não é dos mais animadores para os jogadores brasileiros, o futuro não se mostra dos mais favoráveis. E, aqui, falo da chegada dos novos PlayStation 5 e Xbox Series X.

Ainda que tudo fique no campo da especulação, os lojistas consultados foram bem claros: é melhor já ir reservando um "caminhão" de dinheiro. Caso o preço de lançamento desses videogames fique em torno de US$ 500, não seria surpresa alguma encontrá-los à venda por cerca de R$ 8.000 no chamado "mercado cinza".


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No caso da venda por importação oficial, a situação, porém, tende a ser bem pior. Essa conclusão leva em conta uma situação que não é nova por aqui: lançado no Brasil em 29 de novembro de 2013 - duas semanas após chegar aos EUA -, o PlayStation foi vendido inicialmente no país por R$ 4 mil. No dia do lançamento brasileiro, o dólar equivalia a R$ 2,33 e o preço do console nos EUA era de US$ 400 - em conversão direta, seriam R$ 932.

Ou seja: desconsiderando o peso dos impostos, o preço de venda foi 4,29 vezes maior do que o valor obtido pela conversão direta de dólar para real.


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Se fizermos uma conta - bem grosseira, que fique claro - para transportar esses números para os dias atuais, caso o futuro PlayStation 5 seja lançado por US$ 500, a conversão direta usando a cotação do fechamento deste texto (R$ 5,35) daria R$ 2.675. Multiplicando pelos mesmos 4,29, temos um valor capaz de assustar qualquer um: R$ 11.475.

O Xbox One, por sua vez, chegou no dia 22 de novembro daquele ano por R$ 2.300, mesmo custando US$ 500 nos EUA.

A diferença aqui ocorreu por um motivo principal: ao contrário do videogame da Sony, o da Microsoft era fabricado no Brasil. Esse exemplo deixa claro que se PS5 e Xbox Series X não forem fabricados no país ou, ainda, terem vendas subsidiadas pelas fabricantes, eles permanecerão por muito tempo como sonhos de consumo inalcançáveis pela grande maioria dos jogadores daqui.

Fonte: Uol

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06 Jun, 2020 - 13:39

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