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Epic Games Store: o Steam finalmente ganhou um competidor à altura?

Anunciada poucos dias antes do The Game Awards, a Epic Games Store só revelou seu verdadeiro potencial durante a premiação. Não somente a loja conta com uma base potencial de usuários imensa — muito disso devido ao fato de ser a "porta de entrada" para Fortnite —, como ela logo de cara aposta em várias exclusividades para se destacar, muitas delas "roubadas’ do Steam.

Esses fatores, somados aos anos de experiência da Epic Games — que, lembremos, é a dona da popular Unreal Engine — fizeram muita gente acreditar que o Steam finalmente recebeu um concorrente à altura. Empresas como a Electronic Arts (Origin), Ubisoft (uPlay) e Discord já haviam tentado lançar lojas digitais próprias, mas nenhuma delas teve o potencial de mudar o mercado de PCs como vemos acontecendo agora.



A mudança, obviamente, não deve acontecer do dia para a noite. Uma das pioneiras em oferecer games digitais, a Valve tem uma loja com mais de 30 mil games em seu catálogo e um histórico de ter ajudado a reduzir a pirataria entre os jogadores de computador, graças à combinação de serviços acessíveis com preços atraentes — basicamente, é mais fácil comprar e baixar algo no Steam do que recorrer a meios "alternativos".

Isso não significa que esse verdadeiro "Golias" é imune a problemas: a abertura a qualquer título fez com que a qualidade média dos jogos disponíveis despencasse nos últimos tempos, tornando difícil encontrar o que vale à pena em meio a tantos lançamentos. Da mesma forma, políticas pouco favoráveis a desenvolvedores estão fazendo com que muita gente comece a pensar que não estar no Steam não significa não ter mais chances de sobreviver no mercado.

Tela em branco

É fácil entender a empolgação que a Epic Games Store traz quando comparamos a situação atual da Epic à da Valve quando o Steam foi lançado. Conhecida por ter ajudado a criar grandes franquias — como Unreal Tournament e Gears of War —, a empresa tem um grande jogo em seu catálogo (Fortnite) que permite a ela "sobreviver" sem a dependência dos lucros de sua loja — mais ou menos como era a Valve na época em que Half-Life 2 foi lançado e o Steam era somente um DRM para o jogo.

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A vantagem da Epic é o fato de que ela tem uma "tela em branco" para trabalhar e todo um aprendizado que chega da observação do que os competidores estão fazendo. Uma lição colocada em prática logo de cara é a atenção dada aos desenvolvedores, que recebem 88% da receita gerada por seus jogos — modelo que se mostra mais atraente que os 70% concedidos pelo Steam (a não ser para os jogos que já se mostraram extremamente populares).

A isso, se somam os esforços ativos que a Epic Games Store está fazendo para atrair games de renome para a plataforma. Em vez de deixar tudo ao "Deus dará" que tem sido a atitude da Valve, a empresa está dando incentivos financeiros e ajudando no desenvolvimento de vários jogos — o que garantiu que títulos como Ashen, Hades e, mais recentemente, The Division 2, vão ter a loja como suas "casas".

Outro fator que ajuda desenvolvedores a se interessar pela Epic Games Store é justamente o fato de ela não possuir um catálogo muito vasto — o que pode parecer estranho à primeira vista, mas faz bastante sentido. Quando você entra em uma loja e ela possui 10 itens, é muito mais fácil você ver todos eles e se interessar por algum do que chegar em um lugar com 300 itens, muitos deles escondidos em recantos difíceis de acessar (uma referência ao Steam).

Curadoria e Fortnite

Quando se fala que a Epic Games Store pode ser a primeira ameaça real ao Steam, não se está dizendo que a plataforma da Valve vai fechar ou deixar de ser relevante. O que se quer afirmar é que a chegada da concorrente pode ser o que é necessário para fazer a loja "tirar o salto alto" e finalmente passar a corrigir os problemas que seu tamanho gigantesco trouxe.

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Um exemplo de como a iniciativa da Epic pode se destacar é através de um serviço de curadoria mais atencioso. Ao ser mais seletiva com os games que oferece, somada à garantia de algumas exclusividades, a loja tem tudo para se tornar uma "instalação obrigatória" para quem costuma jogar no PC.

De certa forma, o Origin e o Battle.net já fazem isso, mas ambos têm se preocupado muito mais em ser uma porta de entrada para os jogos de uma desenvolvedora do que um lugar que serve como base para toda a sua biblioteca. E também temos que lembrar que, para muita gente, o Steam não está sendo mais a porta de entrada para o mundo dos jogos.

Um número grande de jogadores de PC não tem o Steam instalado, mas sim o Epic Games Launcher — agora Epic Games Store —, que já era necessário para jogar Fortnite: Battle Royale. Enquanto para muitas pessoas o software sempre vai servir somente para isso, há um público potencial de milhões de jogadores que podem ver outro game disponível e se interessar por sua compra.

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Nesse sentido, a Epic tem uma vantagem que o Origin, o uPlay e a Battle.net não tinham: logo de cara, sua loja já começa com uma base absurda de usuários e com o jogo mais popular da atualidade. De certa forma, o Discord também dispõe de uma base de usuários generosa, mas eles estão usando o aplicativo primariamente para se comunicar, e não necessariamente para jogar ou comprar novos itens para suas bibliotecas.

Talvez a Epic Games Store não conquiste a boa-vontade de quem está acostumado com o Steam e já construiu por lá todo uma coleção de games. Mas, para um público mais jovem e casual que vê Fortnite como sua entrada nos jogos de PC, talvez essa seja a loja que se transforma em sinônimo de jogatina daqui em diante.

Concorrência positiva

Ainda é muito cedo para saber o quão bem-sucedida a Epic Games Store vai ser no futuro. O mero tamanho do Steam e a falta de vontade de fragmentar ainda mais a experiência de jogar no PC vão ser adversários duros, e é de se imaginar que a Valve vai tomar algumas atitudes radicais caso perceba que está perdendo espaço para a concorrente.

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Independentemente do que acontecer, é positivo ver que um nome de peso da indústria está disposto a mexer com as regras do jogo. A própria Valve fez isso quando decidiu apostar no mercado digital, em um momento em que muita gente já havia aceitado que PC era sinônimo de pirataria e perdas de lucros.

Tanto a chegada da Epic Games Store quanto do Discord e de outros futuros deve ser positiva tanto para os consumidores quanto para os desenvolvedores, que vão ter mais competições de preços e possibilidades de ter o melhor serviço possível. Só esperamos que, em meio a tudo isso, o público brasileiro receba a atenção devida: atualmente, o Steam tem vantagens claras como a cobrança em reais e preços adaptados para a nossa realidade, algo que concorrentes vão ter que correr atrás se quiserem fazer algum impacto por aqui.

Fonte: Voxel

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22 Jan, 2019 - 13:55

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