Game de PS4 causa polêmica com cena de abuso infantil
Durante a Paris Game Week, realizada em outubro, a Sony lançou mais um trailer de "Detroit: Become Human", novo jogo exclusivo do PS4 e desenvolvido pelo estúdio Quantic Dream - conhecido por games como "Heavy Rain" e "Indigo Prophecy".
O trailer mostra as diferentes ações que o jogador pode fazer no papel de Kara, uma androide que é colocada na casa de uma menina que sofre constante abuso físico do pai.
Na época, o vídeo já havia causado certa controvérsia na mídia especializada, mas apenas agora órgãos de proteção infantil se pronunciaram sobre ele - e com reação bem negativa.
"Violência contra crianças não é entretenimento", declarou a Dama Esther Rantzen, fundadora do serviço britânico Childline, ao jornal Daily Mail. "É um pesadelo real para milhares de crianças que viveram por esta situação. Os desenvolvedores deste jogo deveriam se envergonhar. Acho que é perverso. Quem acha que espancar uma criança é entretenimento?"
Andy Burrows, do NSPCC (National Society for the Prevention of Cruelty to Children, ou Sociedade Nacional para Prevenção de Crueldade contra Crianças), declarou: "Qualquer videogame que banalize ou normalize abuso infantil, negligência ou violência doméstica para propósitos de entretenimento é inaceitável."
Damian Collins, membro do Partido Conservador e chefe do Comitê Seletivo de Cultura, Mídia e Esporte, chegou a dizer que a própria representação de abuso doméstico em um videogame deveria ser evitado em qualquer circunstância.
"É absolutamente errado que violência doméstica seja parte de um videogame independente de qual seja a motivação", disse. "Violência doméstica não é um jogo e isto simplesmente a banaliza. Me preocupo que pessoas que joguem isto e que tenham sofrido com abuso usem este game como exemplo do que fazer com seus abusadores."
"É perigoso plantar a ideia na cabeça das pessoas de que a melhor forma de lidar com os abusadores seja com o uso de violência. É contraprodutivo e pode colocá-las em um perigo ainda maior."
Na Paris Game Week, o diretor criativo da Quantic Dream, David Cage, defendeu a inclusão de um assunto tão delicado no jogo.
"Eu quero fazer uma história que seja importante para mim, que acredito ser tocante, interessante e engajante e meu papel como criador é trazer algo que as pessoas talvez não estejam esperando", disse em entrevista com o site Eurogamer. "Estou criando algo que acho ser forte e importante. E acredito que pessoas devam assistir a cena, ver o jogo e entender seu contexto para realmente entendê-lo. A regra que faço para mim mesmo é nunca glorificar a violência, nunca fazer nada gratuito. Precisa haver um significado, algum sentido, e criar algo que espero ter significado para outros."
"Detroit: Become Human" será lançado em 2018.