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Black Mirror e sua envolvente história de mistério sobrenatural

Black Mirror nos leva para a década de 20, e nos coloca em um casarão pra lá de sinistro, onde os mistérios de uma família terão que ser desvendados em prol da sanidade de nosso protagonista. Confira agora nossas impressões deste interessante adventure gótico que flerta com o sobrenatural!

Contextualização & História

Embora atualmente o título Black Mirror seja muito mais associado ao seriado da Netflix, a verdade é que o game já existe desde 2003. Houve uma trilogia de adventures estilo point and click que saíram somente para PC e, embora eles não tenham virado games super conhecidos, angariaram um bom número de fãs especialmente por suas boas narrativas.

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Este Black Mirror de 2017 representa um reboot para a série, mantendo-se fiel à temática sombria e misteriosa dos games originais. Controlamos o jovem David Gordon, que retorna à sua terra natal para reclamar a propriedade de sua família após a morte de seu pai.

Porém, as coisas lá são um pouco menos hospitaleiras do que ele esperava: as consequências da morte de seu pai são um tanto suspeitas, e uma governanta bizarra e seu mordomo não parecem muito felizes com a chegada do herdeiro. Temos ainda um jardineiro cego pra lá de sinistro, uma empregada que parece amedrontada e um primo esquisitão, sem contar o jovem advogado que está cuidando da papelada do testamento.

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Anfitriões não muito simpáticos…

Quando sua curiosidade sobrepujas seu bom senso e David resolve explorar a gótica mansão de seus antepassados, ele acaba desenterrando segredos obscuros que vão colocar em em xeque sua sanidade e quem sabe até mesmo sua vida, em uma trama que envolve laços de sangue, maldições e loucura, tudo isso com uma pitada de sobrenatural.

Exploração e puzzles

Black Mirror não é mais um point and click tradicional, mas seu gameplay continua seguindo mais ou menos o mesmo esquema da série clássica. No controle de David, somos livres para explorar a mansão dos Gordon, podendo interagir com objetos, gavetas e pontos de interessante que apareçam em destaque nos cenários.

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Espere por puzzles tipo esse.

Ainda que tenha alguns puzzles um tanto obtusos que lembram os primórdios de Resident Evil, no geral os enigmas do game são criativos e interessantes, exigindo mais atenção do jogador do que qualquer outra coisa. Pode acontecer de você não conseguir abrir uma porta ou gaveta — Master Key, estou falando especificamente com você — mas se isso acontecer, não se encane, simplesmente veja se é possível seguir com a história de outro jeito. Você provavelmente voltará até esta fechadura mais tarde, com o item necessário para abri-la.

A maior parte do jogo se passa na propriedade de mansão, e o imenso casarão acaba se tornando meio que um personagem à parte. Mesmo sem um mapa, você logo vai ter aprendido o layout dos ambientes e para onde cada porta leva, o que é bem útil, visto que boa parte da exploração é feita no escuro — e nem sempre David tem uma vela, precisando seguir outros personagens que carreguem alguma fonte de luz.

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Suas escolhas em diálogos não afetam drasticamente a narrativa.

A imponente propriedade dos Gordon tem ainda uma estufa, um cemitério com capela e fica de frente para um exuberante lago, bem como um respeitável jardim e algumas catacumbas. Apesar de tudo isso, é a mansão — com seus mistérios e passagens secretas — a que mais se destaca.

Ainda que não tenha combate de verdade, é possível morrer e ver uma tela de Game Over em Black Mirror: você terá que interagir com fantasmas e reviver lembranças no decorrer do game, e caso demore muito para sacar o que deve fazer enquanto eles estão na tela, eles acabarão ficando de saco cheio e irão atacá-lo sem dó!

Audiovisual

Black Mirror é um jogo de altos e baixos: os ambientes da mansão são lindíssimos, com belas texturas e efeitos de iluminação impressionantes. Os personagens, por sua vez, são bem menos caprichados, parecendo artificiais e desajeitados. É um contraponto bem curioso vermos os ambientes quase fotorrealistas contrastando com bonecos que parecem… bem, bonecos.

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A bela sala de jantar da mansão.

Apesar disso, todos os personagens ganham uns pontos de carisma pelas suas dublagens, que no geral são muito competentes. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo da sincronia labial, que definitivamente não acompanha a qualidade das vozes que saem (ou deveriam sair) das bocas dos personagens.

Fora isso, Black Mirror é um daqueles jogos que preza pelo silêncio para criar um clima: a trilha sonora aparece apenas de vez em quando — pontuando momentos dramáticos — mas na maior parte do tempo o que nos acompanha é um silêncio um tanto opressivo, quebrado por batidas abruptas, rangidos suspeitos e outros barulhinhos que, somados ao ótimo trabalho de luz e sombra, fortalecem a vibe de "casarão nem tão abandonado" do game.

Conclusão

Black Mirror me lembrou muito os primórdios da série Alone in the Dark. Ainda que a pegada dos games não seja exatamente a mesma, o clima é bem semelhante, aquela sensação incômoda de sermos intrusos em um ambiente que é tão misterioso quanto hostil.

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Aqui não tem essa de fantasminha camarada.

Ainda que o jogo deixe um pouco a desejar nos quesitos técnicos, sua história é interessante e envolvente, de modo que se torna fácil se deixar levar pelos fantasmas do passado da família Gordon enquanto buscamos respostas para os mistérios que vão surgindo.

Ficando no meio do caminho entre um jogo de terror psicológico/sobrenatural e uma história de detetive, Black Mirror entrega uma mistura bem temperada de ambos, e deve agradar que curte boas histórias contadas de maneira um tanto sombria. Um recomeço digno e que, espero, consiga ganhar força para se tornar uma franquia novamente.



Black Mirror foi lançado em 28 de novembro, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. O game não possui suporte ao português brasileiro, contando com menus e legendas apenas em inglês.

Fonte: Arkade

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03 Dez, 2017 - 15:30

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