Adeus, celulares Nokia! O início e o fim dos aparelhos "indestrutíveis"
No começo desta semana, a Microsoft comprou a divisão de aparelhos da Nokia, naquele típico movimento que todos esperavam, mas talvez ninguém quisesse acreditar que fosse realmente acontecer. A finlandesa não deixou de existir, pois manteve "seus braços" na área de infraestrutura de comunicações (o NSN), na área de geolocalização (o HERE, que já se chamou Ovi mapas há tempos atrás) e uma divisão de desenvolvimento de novas tecnologias.
Ballmer: saca só o que eu comprei!
Isto significa que, apesar de ficar com a linha Asha e Lumia, a Microsoft não poderá usar a marca Nokia, afinal a empresa segue existindo independente da gigante de Redmond . O que significa também que, pelo menos durante os 10 anos de vigência do contrato de compra, não veremos mais smartphones Nokia.
Não faz muito tempo, comprar a Nokia (ou a maior parte dela) era algo impensável. Em 2008, primórdios da era dos smartphones e quando mencionar o Symbian ainda não causava risadas, a empresa era avaliada em torno de US$100 bilhões. Achou muito? Já esteve na casa dos US$200 bilhões! Nos anos 2000, você precisaria desembolsar todo o PIB da Finlândia para comprar a empresa (e viria o Sudão de troco).
O valor pago pela Microsoft, porém, ficou bem abaixo: US$7,1 bilhões, o equivalente a R$17 bilhões. Este valor mostra a derrocada da empresa, que não conseguiu valer muito mais que o Skype.
A história dos celulares Nokia
A empresa finlandesa não nasceu fazendo celulares, muito menos smartphones (e seria fantástico caso fosse diferente, afinal sua fundação remota aos anos de 1865). A Nokia partiu de uma fábrica de papel ribeirinha, passando a se envolver com eletrônicos em 1912. Telecomunicações só começam a "dar as caras" na empresa em 1979 e três anos depois faria seu primeiro modelo: um telefone para carros (!?).
O que conhecemos como Nokia começa em 1992, ano em que a empresa lança seu primeiro aparelho GSM, o Nokia 1011. Ainda na metade da década de 90, o aparelho chegaria ao Brasil, abrindo caminho para uma série de dispositivos que viriam ao país, como os muito populares Nokia 1100 e o primeiro a vir com WAP, o Nokia 7110 (aquele que o Rubinho usa pra saber se vai chover). Em 1998, a finlandesa se tornaria a maior fabricante de celulares do mundo, e seus celulares de entrada ganhariam a fama de "duros na queda", pelas mais diversas histórias de aparelhos que sobreviveram a usos totalmente descuidados.
Dois legados desta era:
- O Nokia Tune, ringtone padrão dos aparelhos da empresa lançado em 1994, é considerado o toque de celular mais usado do mundo.
- O game Snakes, para muitos o melhor jogo desta era pré-smartphones, surge em 1997.
A Nokia consegue estender seu domínio na área de celulares para o início da era dos smartphones, com o sistema Symbian. A empresa lança o seu primeiro smartphone com este sistema em 2002, o Nokia 7650 (que é também o primeiro aparelho da empresa a vir com uma câmera integrada). Com este sistema, ficaria hegemônica neste mercado que surgia. Até encontrar novos adversários.
O começo do fim
A maior fabricante de celulares encontrou nos smartphones, mercado que dominou nos seus primórdios, o seu nêmesis. Apesar do controle de mercado do Symbian (quase 70% dos "celulares inteligentes" vinham com este sistema em 2007, e a Nokia fabricava 50% dos smartphones) o sistema se tornou obsoleto frente a evolução de aparelhos com telas sensíveis a toque liderados pelo iPhone. A própria Nokia demorou a adotar este recurso, e quando o fez, começou com as telas do tipo resistivas.
Como Symbian ficando cada vez mais defasado comparado à concorrência (razão de sofrer bullying até hoje), a Nokia decide que é hora de "abandonar o barco" e partir para outra. Assim nasce o MeeGo, sistema de nova geração que iria equipar os novos smartphones empresa. Anunciada na Mobile World Congress de 2010, em fevereiro, o sistema foi desenvolvido em conjunto com a Intel e, segundo o anúncio, chegaria com seu primeiro aparelho ainda em 2010.
Mas não foi isto que aconteceu. O lançamento do novo sistema foi adiado, o novo aparelho não surgia e a plataforma estava em chamas. As vendas do Symbian sangravam mês após mês, intensificadas pela entrada de um novo concorrente no mercado: o Android. Aqui está o ponto de giro definitivo, e a derrocada da empresa, quando desesperada com a perda de relevância (vender dumbphone não dá lucro; smartphone, sim) larga o Meego pela metade e assina uma cooperação com a Microsoft, virando uma fabricante dedicada ao obscuro sistema Windows Phone. As coisas são tão atrapalhadas que o primeiro aparelho com o famigerado MeeGo, o N9, virou um natimorto em junho de 2011. Mesmo que fosse um sucesso, a empresa não continuaria o sistema (!).
A parceira com a Microsoft abre a era Lumia. A primeira geração, com final 00, estreou com o Lumia 800 em outubro de 2011 (desta vez foram rápidos, afinal pegaram a carcaça do N9 e jogar Windows Phone para dentro). Esta linha de produtos precisou brigar com um mercado consolidado, com Android e iOS dominando as vendas, e não conseguiu recuperar a presença que a Nokia possuía no mercado na era Symbian. Pra piorar, a empresa fez as coisas "atravessadas" com a nova versão do sistema, o Windows Phone 8: deixou todos os donos da primeira geração Lumia sem update para o novo SO.
A nova geração de Lumias, com o final 20, chegaram equipados com o novo Windows Phone. Embalados pela melhoria do sistema, e novos aparelhos do segmento de entrada com preços agressivos, caso do Lumia 520 e 620, a empresa vinha embalando em vendas, chegando a assumir a segunda posição no mercado da América Latina. E é aí que a Microsoft compra a divisão de aparelhos da Nokia.
E o que esperar do futuro?
Do ponto de vista dos acionistas, a manobra de Elop (ex-CEO da Nokia) foi muito interessante: se livrou de uma divisão que, apesar de representar muito da empresa, vinha lutando para se tornar mais rentável. Mantendo o HERE, também garantiu um valor mensal da Microsoft, que terá que pagar para usar o sistema de geolocalização. Apesar de não significar muito para o consumidor final, nomes como o Nokia Siemens Network são relevantes no meio corporativo, e também vão garantir alguma relevância para empresa.
Porém, a nostalgia é inevitável, já que muitos dos que leem este artigo, em algum momento tiveram (ou tem neste exato momento) um aparelho da Nokia. As esperanças de ter mais destes celulares, no futuro? Temos três:
- Depois de passada a vigência de dez anos do contrato de compra da Microsoft, a Nokia decida voltar ao segmento. Possibilidade: quase nula, até lá é possível que mesmo os smartphones sejam algo "do passado".
- A linha S40, de celulares de entrada, não entrou nesta compra. A partir de 2016, a Nokia pode voltar a lançar aparelhos mobile. Curiosamente, seria uma volta ao segmento que tornou a empresa a maior fabricante do mundo, e no qual também ficou famosa por produzir aparelhos "superresistentes". Smartphones... não parece tão provável.
- A Newkia dê certo. Não é a mesma coisa, mas é o que temos para hoje.
Karlosrdc 09 Set, 2013 12:12 1
e entrar na competiçao com a sansung e apple
stalkersdl 09 Set, 2013 09:41 1
wagnerblackmetal 09 Set, 2013 09:12 1
bateria era colada com a capa traseira. era pesado (podia ser usado como tijolo)
Resistente e o melhor de tudo tinha o jogo snake esse era um jogão horas e horas de diversão! na espera do Newkia! parece nome de celular nokia chines mais espero que vingue!
danpersa 09 Set, 2013 06:41 1
Brynko-dgs 09 Set, 2013 04:36 1
Antes de pegar o N8 quase peguei o N900 com o sistema MAEMO que também foi deixado de lado, não da para acreditar que uma empresa que já esteve no topo, tomou tantas decisões erradas.
the_mand1989 08 Set, 2013 23:45 1
tiagobu 08 Set, 2013 22:49 1
rodolfotkd 08 Set, 2013 20:18 1
TONY MIG 08 Set, 2013 20:08 1
http://3.bp.blogspot.com/-Cwn0JD5AK2w/Ue2iwLh6SFI/AAAAAAAAEJw/4BaEnby7aa0/s1600/imagens-engra%C3%A7adas-para-facebook.jpg
ET-Fantasma 08 Set, 2013 19:59 2
Obs: minha irmã tem um Lumia e eu um iphone eu sei do que estou falando !
vinnystz 08 Set, 2013 19:22 4