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“Nós não somos mais contra-cultura. Nós somos cultura”

É o que Andy Schatz, autor do "quase-lançando" Monaco e ganhador da IGF 2010, disse ontem na abertura da IGF 2013 (Independent Games Festival). "Sete anos atrás vocês eram ‘ídolos do punk-rock‘ malucos, dizendo ao mundo que o jeito certo de fazer jogos era auto-financiamento, fazer jogos pequenos, a dependência era ruim e o esquisito era bom. [...] Nós ainda somos punk. O problema é que agora o mundo todo é um pouco punk."

Quem diria que o que era completamente comum em uma época – desenvolvedores independentes fazendo seus próprios joguinhos numa época de ouro – viria a ser inovador hoje, o novo caminho, o "ó". A indústria dos jogos realmente virou indústria: montou produções em linha, monetizou, exauriu toda a riqueza até sobrar apenas "modelos de negócios viáveis". E ai de quem quisesse fazer algo diferente, recebia um 8 do Metacritics e repúdio dos tais dos gamers.

Até uns anos atrás, quase todas as premiações envolviam cartas marcadas, o estúdio que gastou mais dinheiro fazendo jogos, os jogos que mais venderam, ou os que tiraram a maior nota na Internet – só a GDC se salvava, premiando aqui e ali jogos mais interessantes que blockbusters. Era uma cerimônia onde os Oscars só iam pra Crepúsculos e Transformers. Porém as coisas parecem estar mudando: a série de games The Walking Dead da Telltale Games ganhou muitos prêmios importantes este ano, por exemplo. "E por que ganhar prêmios manjados é importante?" – você pergunta. Os queridos do Gamesfoda podem explicar melhor, mas basicamente porque prêmios são o jeito alternativo à vendas e reviews de promover um jogo bom, mostrar por que ele foi ou deveria ser um sucesso, e que mais pessoas deveriam fazer mais jogos assim.

É o que aconteceu ontem com Journey e sua equipe, que levou nada menos que SEIS troféus pra estante. Não só isso, mas FTL e The Room também ganharam, deixando apenas 1 premiozinho pros AAA – que foi do FarCry 3 de melhor tecnologia. Para fechar a contagem, na premiação da IGF, Cart Life levou 3 prêmios. Eu ainda não sei do que se trata o jogo, mas ele estava concorrendo com FTL e Little Inferno (se você me perguntar, todos ótimos jogos). Quer uma cerejinha no bolo? No meio das nomeações AAA da GDC, haviam alguns indies como Mark of The Ninja, Hotline Miami e Spelunky.

Chevy Ray Johnston

"Parece que jogos indies e não-indies (o que quer que isso seja) tem cada vez menos diferença a cada ano"

Adam Atomic

"E a noite termina com um trailer de um jogo indie 2D! O que é isso?? O que está acontecendo?"

É muito bom saber que jogos mais interessantes, ousados e focados na experiência estejam ganhando lugar novamente no mercado. É melhor ainda saber que ainda existem jogadores que valorizam isso, e que sua população está aumentando. É um loop que uma vez que entrarmos, só tem a construir e contribuir à indústria. Não, os Call of Duty, Halo e FIFA não vão parar de existir – e nem deveriam. Eles continuam sendo jogos bons e com seu público, e potenciais oportunidades de desenvolver melhor características concebidas por desenvolvedores menos abastados – como o que aconteceu com a câmera conhecida como over the shoulder (termo emprestado do cinema), tão famoso em jogos de tiro hoje, primeiramente popularizado pelo Resident Evil 4 e provavelmente concebido por algum outro jogo desconhecido.

E o Brasil, cara?

"Quer dizer então que agora temos ainda mais oportunidades para brilhar?"

Um pouquinho só. Como o Schatz disse, agora todo mundo é pouco punk. Ficou fácil de participar, todo mundo pode adquirir uma engine mais barata, publicar na Internet ou na App Store, se inscrever na IGF, no Greenlight, no Kickstarter, no Catarse etc. A concorrência está maior do que nunca, e a bola fica com quem conseguir a melhor qualidade, acertar o que as pessoas querem ou trazer algo inédito – ou algo que já existe de forma inédita, tanto faz. Essas oportunidades ainda estão longe do alcance dos brasileiros, ainda somos um ou outro se destacando lá fora, lucrando, ganhando, sustentando um lar. Se formos 10 casos de sucesso lá fora, lembro que formam-se cerca de 500 profissionais por ano só aqui no Brasil, para serem absorvidos pelas empresas ou começarem sua própria empreitada.

A porta abriu pra todos os desenvolvedores independentes, e eles são muitos espalhados pelo globo. A luta continua, meus caros, mas pelo menos não são só os Cliff Bleszinskis que sobem ao palco, mas também os Richard Hofmeiers, com cara de tímidos e humildes.


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"É super fácil, todos podem entrar. Me substituam assim que puderem, é muito fácil" Fica aí o aviso!

Fonte: Doublejump

Comentários

28 Mar, 2013 - 15:52

Comentários

Everlan 28 Mar, 2013 22:43 3

#sdsurfrs
Vc joga Mark of the Ninja no seu celular?

Eu gosto de indies, dou a eles tanto valor quanto aos AAA, eles trazem novidade no mar de mesmice que estão os jogos hoje, eles não tem medo de inovar, mas nem todo indie possue essas qualidades, existem indies bons e ruins, alguns indies estão alcançando patameres de qualidade muito competitivas, é só ver o caso de The Walking Dead e Journey.

sophos_nsm 28 Mar, 2013 17:46 -2

coisa de gosto sdsurfrs eu prefiro a mark of the ninja.

sdsurfrs 28 Mar, 2013 17:29 2

Eu não jogo jogos pelos seus prêmios, nem pelas suas notas ou críticas, eu jogo pq eu gosto... e acho que a diferença entre indie e não-indie imensa, gosto de jogos indie, tenho o Mark of The Ninja no PC, mas nunca vai ser melhor que um Bioshock Infinite por exemplo, indie é casual, jogos indies so jogo no meu celular.