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7.0
Análise de A Way Out de Tribo Gamer

Será a grande experiência cooperativa que nos prometeram?

Antes de começarmos, um aviso. A Way Out foi desenhado como uma experiência cooperativa para dois jogadores, e só pode ser jogado dessa forma, seja localmente ou online. Se tinham intenções de passarem sozinhos esta aventura, isso não vai acontecer, porque o jogo requer sempre dois jogadores. O primeiro jogo de Josef Fares, Brothers: A Tale of Two Sons, também tinha um grande foco em cooperação, mas nesse caso era possível jogar com a inteligência artificial. Neste caso vão mesmo precisar de um parceiro.

Numa perspectiva mecânica, A Way Out é um jogo bastante interessante. A versão que jogamos só permitia jogabilidade cooperativa local, ou seja, dois comandos no mesmo console, mas será atualizado antes do lançamento para permitir jogabilidade online. A questão é que, mesmo que estejam a jogar online, vão jogar em tela dividida, apresentado sempre a perspectiva dos dois jogadores. Essa tela dividida é dinâmica, alterando o formato e o tamanho conforme a situação, mas o que importa saber é que os dois jogadores terão sempre a ver a mesma tela, independentemente do que está a ser mostrado ou como. É também um jogo muito cuidado em termos de direção, e nota-se bem o passado de Josef Fares enquanto realizador de cinema. A direção das cenas, os ângulos das câmaras, e a disposição da tela dividida, são tudo elementos que ajudam a criar uma experiência visual bastante rica.

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A jogabilidade divide-se entre duas personagens - Leo e Vincent. São dois indivíduos muito diferentes em termos de personalidade, ainda que partilhem um contexto criminoso. Vincent é mais comedido nas suas ações, mais calculista, enquanto que Leo é agressivo e impetuoso. Os jogadores vão assumir o controle das suas personagens quando Vincent está a caminho da prisão num auto-carro. Nesse mesmo momento, Leo está a vaguear pelo pátio da prisão. Ambos conhecem-se pouco depois, durante uma luta no pátio, quando um grupo de prisioneiros decide 'fazer a folha' a Leo. Alguns eventos depois, Leo acaba por ir à enfermaria, e é aí que descobre um acessório que o pode ajudar a fugir da prisão. Mais tarde decidem roubar esse acessório, com Vincent encarregue de vigiar a presença de guardas. É assim que começa a sua fuga e estória de vingança.

É uma disposição interessante, ainda que em termos de controles não esteja a acontecer nada de significativo. Têm acesso a algumas opções de diálogo, podem interagir com alguns objetos, e participar numa série de eventos com sequências de botões, mas em termos de jogabilidade em si, A Way Out é bastante básico. O que o distingue é esta ligação entre dois jogadores, e a forma como juntos criam uma única experiência. Também terão de confiar um no outro, já que o sucesso de um muitas vezes depende das ações do outro, ou da comunicação entre ambos. É um jogo que exige coordenação entre jogadores, logo não pensem ir cada um para seu caminho.

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Não vamos entrar em pormenores sobre a estória, porque existem bons momentos e algumas surpresas interessantes, e quando menos souberem, melhor. Gostámos de atravessar a aventura com estes dois homens, e estivemos sempre investidos na sua estória. O ritmo do jogo é bom, nunca se tornando aborrecido ou repetitivo, embora nem tudo tenha sido positivo. Existem alguns momentos e algumas ocorrências que parecem forçadas, seja para servir a estória, ou para motivar a cooperação dos dois jogadores.

As personalidades de Leo e Vincent também têm impacto no desenrolar da estória, e dependendo das ações de cada um, os resultados podem ser mais violentos ou mais diplomáticos. Isto aumenta um pouco o valor de repetição, já que os jogadores podem repetir a aventura para perceberem o que muda conforme as decisões e ações dos jogadores. Também existem alguns mini-jogos em que ambos podem participar, desde jogos arcade a braço-de-ferro e arremesso de dardos.

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O nosso maior problema com A Way Out é o roteiro e os diálogos, algo que é evidente ao longo de todo o jogo. Existem conversas claramente forçadas entre as duas personagens, e vários comentários que parecem ter sido escritos por alguém que não tem o inglês como primeira língua. Noutros momentos a estória também parece ser apressada, despejando grandes doses de exposição no jogador. São momentos em que não existe uma razão para estar a relembrar eventos e em que não existe qualquer evolução da personagem, apenas uma desculpa para apresentar contexto aos jogadores. Também gostaríamos que o enredo por vezes acalmasse um pouco, que permitisse às duas personagens respirarem um pouco.

Existem ainda algumas inconsistências e buracos no enredo. Quando acabamos o jogo, ficámos com a sensação de que nem tudo fazia perfeito sentido, e alguns eventos ficaram por explicar. Por vezes menos é mais, e nesse aspecto teríamos preferindo uma abordagem mais sutil da Hazelight, com mais alguns toques de criatividade e variedade. Também não ficamos deslumbrados com os atores, mas em parte parece-nos que o roteiro é o principal culpado.

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No geral a estória de A Way Out é interessante, e gostamos bastante da sua premissa, mas a execução está longe de ser a melhor. Teria certamente beneficiado de um maior cuidado a todos os níveis, desde o roteiro à direção dos atores. Não é grave, e é algo que é comum e perdoado em muitos outros jogos, mas neste caso a experiência está muito dependente da estória, e como tal esses detalhes são mais importantes.

Se fosse um filme, A Way Out teria recebido uma nota muito mais baixa, mas os elementos interativos acabam por elevar a experiência de jogo. Existem alguns momentos memoráveis, e se têm com quem partilhar esta aventura, é sem dúvida um jogo a considerar. Só pelo fato de ser algo tão original, e por não recear tomar riscos - numa indústria que tem pavor de arriscar -, é de louvar a coragem de A Way Out e dos seus criadores. Tem defeitos, mas é único, e estamos ansiosos para ver o que a Hazelight pode fazer de seguida, sobretudo se aprenderem com os seus erros.

Prós

  1. Uso interessante e original de mecânicas cooperativas.
  2. Alguns momentos memoráveis.
  3. Muita ação ao estilo de Hollywood.


Contras

  1. Algumas sequências são forçadas.
  2. O diálogo nem sempre é natural.

Fonte: Gamereactor

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22 Mar, 2018 - 16:03

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