Baixe agora o app da Tribo Gamer Disponível na Google Play
Instalar

Fãs gastam mais de R$ 50 mil para jogar games antigos em TVs modernas

Em pleno 2017, com o PlayStation 4 Pro, capaz de rodar jogos em resolução 4k, e o Xbox One X prometendo ainda mais potência, as atenções foram divididas com o (re)lançamento do NES, o saudoso Nintendinho, que inclui "Super Mario Bros. 3" e outros clássicos na memória e recentemente do SNES Classic, que entre outros jogos, traz o inédito "Star Fox 2".

Já no Brasil uma das novidades mais comentadas pelos gamers foi a "ressurreição" do Mega Drive, que a Tectoy voltou a vender a partir do ano passado com entrada para cartucho e tudo mais.

Nunca o retrogaming, que é a paixão por jogar games do passado – especialmente das décadas de 80 e 90 – esteve tão em alta.

Além de consoles e jogos antigos, Fabio Santana aprimora sua coleção com upscalers, aparelhos capazes de aumentar a resolução de jogos e preservar a nitidez dos pixels.
E se você acha que montar um PC de última geração custa muito dinheiro, saiba que o retrogaming, quando levado a sério, pode ser um hobby bem caro: Fabio Santana, 37 anos, apaixonado por games antigos e atuais – ele é assessor de imprensa da Capcom no Brasil – não gosta muito de fazer as contas, mas confessa que já gastou quase R$ 50 mil entre jogos e consoles que, para muitos, não passariam de "velharias".

E passa mais tempo jogando antiguidades do que os games atuais.

"Comecei a pesquisar meios de ligar videogames antigos em TVs atuais com imagem bonita e bom tempo de resposta, e fiquei tão fascinado por poder jogar os clássicos com qualidade que passei a gastar mais tempo e dinheiro com esse hobby", conta Santana.

Como você pode perceber, não basta simplesmente tirar aquele videogame velho da caixa e conectá-lo ao seu televisor moderno. Nem todas as TVs atuais são compatíveis com o sinal em 240p (linhas progressivas), que é o padrão utilizado por consoles como Mega Drive ou Super Nintendo, e isso pode resultar em gráficos borrados e demora no tempo de resposta – dois pecados inadmissíveis para os puristas.

É justamente no processo de tornar a experiência mais fiel possível à original que a brincadeira começa a ficar cara. Para citar um exemplo, um upscaler, aparelho capaz de aumentar a resolução dos jogos e preservar a nitidez dos pixels, dentre outros benefícios, chega a custar US$ 400 (cerca de R$ 1.335).

ImagemConsoles novos e antigos (e outros aparelhos) dividem espaço para jogar clássicos do passado no setup de Fabio Santana


Memória resgatada e preservada

Você pode estar se perguntando porque, diante de tantos emuladores por aí, se dar ao trabalho – e ao investimento – de montar uma infraestrutura para jogar games antigos. "Nada vai substituir a sensação de segurar o controle original do console, pegar o cartucho na gaveta, dar aquela assoprada e colocar no console que você usava quando tinha oito anos de idade", teoriza Fabio Michelin, 38 anos, e que gasta entre 40% e 60% do seu salário em retrogaming.

Fabio Michelin tem um canal no YouTube sobre jogos antigos e é também parte do estúdio Pixel Mind, que está desenvolvendo "Seven Souls", um side scroller 2D nos moldes de clássicos dos anos 90, como "Shinobi".
Dentre as hipóteses que explicam a nostalgia andar tão em alta no mundo dos games, está a de que aquelas crianças dos anos 80 e 90 cresceram, e hoje têm poder aquisitivo: "Master System, Nintendinho, Mega Drive e Super Nintendo eram consoles que desejávamos muito, mas dificilmente uma criança poderia comprar todos eles. Hoje aquelas crianças cresceram, passaram a trabalhar e, movidos às vezes pela nostalgia, compram um console que por um motivo ou outro marcaram sua infância", teoriza Michelin.

"Não apenas esses adultos recorrem a esses produtos como uma forma de reviver a infância, como também de passar adiante um legado, pois muitos hoje são mães e pais ou tias e tios, e querem mostrar às crianças de hoje como se divertiam as crianças de antigamente", complementa Santana.

É importante destacar que ser um retrogamer não significa necessariamente ser um colecionador. "Com o adendo e melhoria dos emuladores , você pode ser um retrogamer e não colecionar, usando apenas emuladores para jogar as ROMs", explica Michelin.

Contudo, comprar jogos antigos às vezes pode sair caro. Santana, por exemplo, adquiriu recentemente uma cópia de "Final Fight Revenge", jogo da Capcom para o Sega Saturn lançado no Japão, por US$ 400. "Costumo comprar do Japão, e mesmo assim precisei monitorar leilões por mais de um ano para encontrar uma cópia de ‘Final Fight Revenge’ completa a um preço que eu considerasse acessível".

Túnel do tempo

Com cerca de 150 mil integrantes o Warpzone é um dos maiores grupos do Facebook dedicado ao retrogaming. O fundador, Cleber Marques, é também um apaixonado por revistas de videogame. Tão apaixonado que criou a sua própria publicação, que leva o nome do grupo – e fala sobre games antigos, claro - e já vendeu mais de 80 mil exemplares nas bancas.

Paixão por jogos antigos motivou a criação da revista Warpzone
Cleber, que trabalha na Microsoft, leva o Warpzone como uma atividade extra, mas a iniciativa evoluiu a ponto de envolver outras pessoas: "Não penso em viver disso, amo trabalhar na Microsoft, mas hoje já tem gente que vive da Warpzone: são 18 pessoas ao todo na equipe".

Até mesmo Michelin, personagem dessa reportagem, está indo além do hobby: além de manter um canal no Youtube, junto com outras três pessoas forma o estúdio brasileiro Pixel Mind, que está desenvolvendo "Seven Souls", um side scroller 2D nos moldes de clássicos dos anos 90, como "Shinobi" e "Shadow Dancer".

"Meu fascínio pelo retro gaming é tão grande que quero contribuir com o movimento", diz Michelin sobre "Seven Souls", que será lançado para PC no ano que vem.

Fonte: Jogos/Uol

Comentários

21 Out, 2017 - 12:27

Comentários