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7.0
Análise de Hellblade: Senua's Sacrifice de Tribo Gamer

Um jogo muito peculiar que não será para todos.



A Ninja Theory foi sempre sincera em relação a Hellblade: Senua's Sacrifice, admitindo que seria um jogo divergente em termos de gostos. E assim é, este é um jogo peculiar que não será do agrado de todos os jogadores, no sentido em que é de tal forma atípico, que pode afastar até quem aprecia o gênero de ação na terceira pessoa. Mas antes de continuarmos, é preciso louvar o fato do estúdio se ter mantido fiel à sua visão, mesmo consciente de que estaria a fazer algo que não seria necessariamente popular.

Em parte, essa divisão vai aparecer como resultado da narrativa de Hellblade, ainda que a premissa base seja muito simples. Vão jogar enquanto Senua, uma jovem moça que vai aos infernos para tentar resgatar e ressuscitar o seu companheiro recentemente abatido. Até aqui, nada de extraordinário, mas o jogo começa logo a distinguir-se pelo fato de Senua sofrer de psicoses. Isto surge na forma de eventos visuais e sonoros bizarros, que afetam a personagem e consequentemente o jogador. Durante a aventura vai ouvindo vozes, que entre outras funções, informam o jogador sobre o que poderá ter acontecido antes. Também se torna evidente a deterioração da mente de Senua conforme avança nesta sua demanda.

Doenças do foro mental não costumam ser abordados com frequência nos videojogos, mas a Ninja Theory não se limita a aproveitar de uma doença muito real para criar situações de jogo. É algo que aborda com o cuidado e com a seriedade que o tópico merece, e fica a sensação de que o estúdio perdeu o seu tempo a estudar a doença e a procurar formas de a trabalhar em contexto com a jogabilidade. Por vezes vão presenciar ambientes belos transformados em algo horrendo, e não apenas para efeito de choque ou avanço narrativo. Como já podem ter calculado, Hellblade é um jogo muito virado para a estória, e embora pareça um jogo de ação na terceira pessoa, está a meio caminho entre esse gênero e os chamados "walking simulators". É uma experiência linear, em que terão de enfrentar alguns inimigos, mas o estilo de combate é algo muito mais terra-a-terra do que o estúdio fez no passado. É um sistema lento, sem estilo ou espetacularidade, onde o único objetivo é tentar sobreviver e eliminar o adversário. Além dos combates terão de ultrapassar também algumas sequências de estória e resolver puzzles visuais.



Como já referimos, o tópico das doenças mentais é crucial para a experiência de jogo. Esquizofrenia, claustrofobia, e psicoses, são alguns dos temas que vão abordar ao longo da aventura, e através do que Senua atravessa, vão ter um vislumbre do que esta doenças podem fazer a uma pessoa. Até a forma como resolvem puzzles envolve a sua condição, enquanto tentam encontrar formas visuais no ambiente que se assemelhem às suas visões. É impressionante, e até algo perturbador, mas não deixa de ser um tópico interessante. O detalhe visual elevado, a qualidade das animações, e as excelentes interpretações dos atores são outros fatores que ajudam a 'vender' esta estória e estas condições ao jogador. O criador do jogo, Tameem Antoniades, chegou a afirmar que Hellblade não é um jogo "divertido", e certamente não o é, pelo menos no sentido mais comum da palavra. Não é suposto gostarem da jogabilidade, ou rirem das situações do jogo. Vão estar a experienciar as dificuldades de uma personagem insegura que luta contra os demônios dentro e fora da sua cabeça.

Hellblade é impressionante nos departamentos audio-visuais, com grande qualidade gráfica e uma sonoplastia sublime - com bons fones parece mesmo que as vozes estão na nossa cabeça. O jogo consegue puxar bem o jogador para o seu mundo, e é por isso que é extremamente frustrante quando essa imersão é arruinada por problemas técnicos. Encontramos bruscas quebras de fluidez na versão PS4, atravessamos o ambiente, e numa sequência dramática a espada de Senua estava invisível. Será que isto também vos irá acontecer? Possivelmente não, mas temos de o reportar. Do que vimos na PS4 Pro e no PC, essas versões pareceram mais estáveis, mas ficamos ainda assim à espera de uma atualização por parte da Ninja Theory.

A Ninja Theory não foi atrás do que é popular, ou de entreter o jogador. O seu objetivo foi oferecer algo original, uma experiência que estimulasse o pensamento do jogador, e nesse sentido, Hellblade: Senua's Sacrifice é um triunfo. Quem está à procura de uma experiência mais profunda que o habitual, ou que tem - lida - com doenças deste gênero, pode encontrar algo de grande interesse em Hellblade, mas se procuram uma jogabilidade divertida, com sistemas de progresso e exploração, este jogo não é o que procuram. Compreendemos e respeitamos o que a Ninja Theory quis fazer, algo que nos parece mais virtude que defeito, mas o mesmo não pode ser dito dos problemas técnicos e dos combates monótonos. Ainda assim, uma experiência que merece ser considerada por quem acha o conceito interessante.



+ Excelente grafismo e efeitos sonoros. Ambientes com grande atmosfera. Estória complexa e profunda. Preço reduzido.

- Jogabilidade monótona. Problemas técnicos.

Fonte: Gamereactor

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10 Ago, 2017 - 17:52

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