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8.5
Análise de Hitman de IGN

NÓS, NÓS OS CARECAS

Quando recebi o anúncio de que a nova edição de Hitman iria utilizar um modelo episódico, fiquei bastante preocupado. Imaginava todas as maneiras como esse modelo poderia dar errado em uma franquia clássica e consolidada como a do assassino careca Agente 47. No fim das contas, e para minha felicidade, meus medos não se realizaram. Descobri, um tanto impressionado, que essa franquia funciona muito bem no modelo episódico -- mesmo que com alguns notáveis sacrifícios.



Quem esperou para jogar Hitman apenas agora, com o lançamento de sua edição física que inclui todos os episódios da primeira temporada, pode ter a sensação de uma experiência compartimentada e fragmentada que os jogadores mais ansiosos, que atacaram cada um dos episódios em seus respectivos lançamentos, não notou. Essa sensação, aliada a curta duração da experiência geral do game, podem ser consideradas como as maiores complicações trazidas para a franquia na sua mudança para um modelo episódico. Se comparado ao recheio denso de Blood Money ou à bem elaborada cadência narrativa de Absolution, o novo Hitman não tem muitas chances de vitória.

Por outro lado, a inteligente divisão que a Io Interactive fez entre os episódios, cada um englobando um contrato de assassinato do Agente 47, acentuam as principais qualidades do gameplay da série Hitman e os elementos que transformaram essa franquia em clássico. Focando o desenvolvimento em uma única missão por vez, a Io conseguiu elaborar cenários tão variados e diversos quanto desafiadores e exigentes. Palmas para o design das fases, que oferecem inúmeras opções de resolver um único problema e centenas maneiras de agir como o Agente 47. Entre disfarces, armas, venenos, armadilhas e algumas situações francamente ridículas, o jogo captura o que sempre houve de melhor na experiência de Hitman: matar da maneira mais inteligente, criativa ou absolutamente insana possível -- tudo isso, enquanto encara o desafio de não chamar a atenção para si.



Cada missão oferece um alvo, que geralmente está do outro lado de um cenário cheio de restrições, barreiras, inimigos, desafios e testemunhas. Como você irá executar seu contrato cabe única e exclusivamente a você. Os mapas são praticamente parques de diversão da matança, com nuances de esconde-esconde e pega-pega. Você pode usar os mais variados (e ridículos) disfarces, abusar do ambiente, tentar realizar o assassinato o mais rapidamente e silenciosamente possível ou simplesmente partir para a matança inconsequente -- se vai dar certo ou não, depende única e exclusivamente de você.

Os desafios são inúmeros, e cada objetivo parece um pequeno quebra-cabeças dinâmico que você precisa conquistar por meio de sua própria criatividade, esperteza e agilidade. Um deslize ou distração costuma ser o bastante pare que todo o seu planejamento e preparação acabem descendo pelo ralo, forçando o jogador a um estado constante de atenção que poucos games atuais exigem. Isso torna o modelo episódico ainda mais satisfatório, já que recebemos gratificações mais constantes por nossas ações e as pausas para relaxar o cérebro são pontuais e bastante notáveis: complete uma fase, relaxe, vá fazer um sanduíche, assistir um desenho, tirar um cochilo. O novo Hitman foi pensado para ser jogado assim, e eu recomendo que você tente entrar na dança.

Caso contrário, você vai começar a notar as rachaduras na construção geral do game. Como em qualquer game episódico, há capítulos excelentes e alguns nem tanto. Entre os destaques em termos de qualidade estão as missões Sapienza, Bangkok e Colorado, em que a diversidade de opções e o humor um tanto bizarro da franquia ficam mais notáveis do que em fases como Hokkaido e Marrakesh. Esse diferença de qualidade entre as missões, se jogadas em continuidade, explicitam uma certa inconsistência que é bastante comum em jogos episódicos, mas que podem irritar especialmente os fãs da série que estavam acostumados a jogos completos e consistentes antes dessa mudança de direção.



A narrativa, no entanto, é a que mais sofre com o novo modelo. Hitman nunca teve um grande apreço por tramas consistentes, coesas ou até mesmo lógicas, preferindo partir muitas vezes para o exagero das teorias conspiratórias e clichês de files de espionagem dos anos 80. Mas a série sempre se aproveitou de pequenas pontuações de genialidade na construção de algumas de suas cenas, oferecendo momentos marcantes e memoráveis que exploravam diversas emoções -- do dramáticos e tenso ao bizarro e cômico. A primeira temporada do novo Hitman tenta, muitas vezes, nos oferecer momentos assim, mas quase todos eles dependem de nossas interações com o mundo ao nosso redor. Enquanto isso, uma linha tênue e mal esclarecida se esforça em conectar todos os episódios em uma única narrativa. Temo dizer que essa tentativa é falha, e terminamos a primeira temporada mais confusos e perdidos em relação a história do que começamos.

Quem deve jogar este game

Imagem

Mesmo que a primeira temporada pareça um tanto curta e vazia de conteúdo quando vendida como um pacote completo, a experiência ainda assim vale a pena para qualquer fã da franquia. Para os novatos, o modelo episódico e fragmentado pode ser favorável, já que permite sessões de jogos homeopáticas que não cansam tanto o cérebro quanto um game tradicional da série faz. Qualquer pessoa que já olhou para um ambiente e pensou quantas formas de matar uma pessoa conseguiria encontrar por ali, Hitman é um pratão cheio de alegria e violência criativa -- mas talvez seja bom dar uma passadinha no psicólogo também.

O VEREDICTO

Hitman é, na maior parte do tempo, uma tela tão lisa quanto a careca do Agente 47. A Io Software nem sempre nos oferece todos os pincéis e cores de tinta para preenchermos essa tela, mas temos uma liberdade impressionante para criar nossas próprias obras de arte mortais ao longo dos cenários que nos são oferecidos. O modelo episódico do jogo trabalha contra a trama, que parece fragmentada e incoerente, mas a favor da essência de Hitman em termos de gameplay: missões de assassinato que são praticamente quebra-cabeças recheados de opções e oportunidades para o jogador.

NOTA: 8,5

  1. +Cenários variados
  2. + Gameplay desafiador
  3. + Belo design de fases
  4. + Muitas maneiras de jogar
  5. - Inconsistência entre episódios
  6. - Trama confusa e sem resolução
  7. - Pouco conteúdo


"O modelo episódico do game trabalha contra a trama, mas a favor da essência de Hitman em termos de gameplay."

Fonte: Br/Ign

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31 Jan, 2017 - 19:43

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